Investing.com - O crescimento do PIB dos EUA surpreendeu o mercado ao acelerar no primeiro trimestre, contrariando uma expectativa generalizada de redução no ritmo em meio a guerra comercial e a paralisação do governo com a disputa sobre o muro na fronteira com o México.
O PIB avançou para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 3,2% nos primeiros três meses de 2019, contra expectativas de uma leitura de 2%, mediana do mercado. O ritmo também superou o último trimestre de 2018, quando a economia cresceu a uma taxa de 2,2%.
A forte expansão foi impulsionada pela formação de estoques e diminuição do déficit comercial, que compensaram uma desaceleração nos gastos dos consumidores.
O número do primeiro trimestre surpreendeu ao ficar acima da estimativa mais alta entre analistas consultados pela Bloomberg. O mais otimista apostava em um crescimento de 2,9%
O maior ceticismo dos analistas do mercado tinha como base a intensa guerra comercial travada pelos EUA com a China, somada à mais longa paralisação da história do governo. A disputa entre Trump e o Congresso pela obtenção de fundos para a construção de um muro na fronteira com o México, uma das principais promessas da campanha, durou 35 dias, entre 22 de dezembro e 25 de janeiro.
Ceticismo permanece
O dólar operava em ligeira queda com o resultado do PIB e os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano caíram conforme os analistas argumentaram que o crescimento pode não durar.
"A impressão do PIB do 1° tri é que vai durar… Até que se olhe sob o capô e se calibre os pneus", disse Megan Greene, economista-chefe da Manulife / John Hancock Asset Management, via Twitter. Ela argumentou que a formação de estoques "terá que ser desfeito", atrapalhando o crescimento futuro, enquanto os gastos do governo fora do setor de defesa forem fracos.
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Uma virada na tendência?
Antes da publicação desta sexta-feira, o crescimento vinha desacelerando constantemente na economia dos EUA desde o pico de 4,2% no segundo trimestre de 2018.
Juntamente com as perspectivas mais pessimistas para a economia global e a inflação moderada, o Federal Reserve optou por fazer uma pausa no aperto de políticas em janeiro.
Os formuladores de políticas devem se reunir na semana que vem e os mercados não esperam nenhuma mudança nas taxas de juros oficiais. Mas os mercados financeiros têm uma chance de mais de 50% de que o Fed de fato reduza as taxas até o final do ano, mesmo após a divulgação dos dados.
Para alguns, no entanto, isso foi um passo longe demais.
"O ponto mais simples é que isso nem sequer é o caso de um corte na taxa do Fed", disse Marc Ostwald, estrategista da ADM ISI.