Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - Os preços ao consumidor nos Estados Unidos tiveram em dezembro a maior queda em seis anos e uma medida da tendência da inflação não subiu, o que pode deixar o Federal Reserve mais cauteloso sobre quando elevar os juros.
Mas outros números divulgados nesta sexta-feira sugeriram que a economia norte-americana ainda está caminhando para mostrar crescimento sólido, apesar das leituras fracas de inflação, com a produção das fábricas subindo no mês passado e a confiança do consumidor atingindo em janeiro o maior nível em 11 anos.
O Departamento de Trabalho informou nesta sexta-feira que seu índice de preços ao consumidor caiu 0,4 por cento no mês passado, maior baixa desde dezembro de 2008, após recuar 0,3 por cento em novembro.
Nos 12 meses até dezembro, o índice subiu apenas 0,8 por cento, leitura mais fraca desde outubro de 2009, mostrando forte desaceleração em relação ao avanço de 1,3 por cento apurado em novembro.
"Parece quase certo que mais declínios na inflação cheia serão vistos nos próximos meses" devido à rápida queda dos preços de energia, disse o estrategista-chefe do BTIG, Dan Greenhaus.
"Mas o que é importante é que o núcleo de inflação não é necessariamente imune a declínios do petróleo e da gasolina", acrescentou.
Embora autoridades do Fed tenham considerado a queda da inflação impulsionada pelos preços de energia como transitória, o fortalecimento do dólar está atenuando as pressões de preços, o que poderia causar algum desconforto para os formuladores da política monetária, que planejavam elevar os juros na metade do ano.
O chamado núcleo da inflação ao consumidor, que excluiu os preços de alimentos e energia, ficou zerado em dezembro. Foi apenas a segunda vez desde 2002 em que o indicador não avançou.
Nos doze meses até dezembro, o núcleo da inflação ao consumidor ficou em 1,6 por cento, menor ganho desde fevereiro.
A suavidade no núcleo da inflação, no entanto, e as perspectivas de piora da economia global devem trazer ainda mais preocupação para o Fed, que terá que pesar a fraqueza da inflação contra os outros sinais de força econômica.
A máxima em 11 anos da confiança do consumidor em janeiro divulgada pela Universidade de Michigan refletiu ganhos tanto no emprego quanto na renda, e o aumento do poder de compra representado pela forte queda dos preços de gasolina.
Um outro relatório do Fed mostrou que a produção das fábricas subiu 0,3 por cento no mês passado, quarto ganho mensal consecutivo.