WASHINGTON (Reuters) - Os preços ao produtor nos Estados Unidos aumentaram à maior taxa em seis meses em outubro, impulsionados por altas nos custos de bens e serviços, reforçando ainda mais a posição adotada pelo Federal Reserve de que provavelmente não reduzirá as taxas de juros novamente no curto prazo.
Um relatório divulgado pelo Departamento do Trabalho dos EUA nesta quinta-feira mostrou que os custos de saúde aceleraram no mês passado, com o custo do atendimento ambulatorial nos hospitais registrando seu maior aumento desde 2009. O salto nos preços da saúde refletiu as altas relatadas no relatório do índice de preços ao consumidor de outubro, de quarta-feira.
Os custos crescentes de saúde, se mantidos, sugerem que a inflação pode apresentar tendência mais alta, embora não seja provável que se torne problemática devido a uma moderação no ritmo do aumento dos aluguéis.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta quinta-feira que seu índice de preços ao produtor para a demanda final subiu 0,4% no mês passado, maior aumento desde abril, após recuar 0,3% em setembro.
Nos 12 meses encerrados em outubro, o índice subiu 1,1%, o menor aumento desde outubro de 2016, após avançar 1,4% em setembro. A inflação anual ao produtor recuou, com a forte alta do ano passado saindo do cálculo.
Economistas consultados pela Reuters previam que o índice de preços ao produtor registraria alta de 0,3% em outubro e de 0,9% na comparação ano a ano.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos, energia e serviços comerciais, os preços ao produtor subiram 0,1% no mês passado, após ficarem inalterados em setembro. O chamado núcleo da inflação avançou 1,5% nos 12 meses até outubro, depois de ganhar 1,7% nos 12 meses até setembro. O núcleo anual do índice de preços ao produtor também desacelerou no mês passado, com o aumento de outubro passado saindo do cálculo.
O dado da inflação vem na esteira de dados bastante otimistas sobre a economia norte-americana, incluindo um crescimento do emprego acima do esperado em outubro e uma aceleração da atividade no setor de serviços.
No entanto, outro relatório do Departamento do Trabalho desta quinta-feira mostrou que o número de norte-americanos que apresentaram pedidos de auxílio-desemprego subiu para uma máxima em cinco meses na semana passada, ainda que isso provavelmente não indique uma mudança nas condições do mercado de trabalho, uma vez que o dado das solicitações reportado por vários Estados foi afetado por um feriado nacional.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 14 mil, para 225 mil (dado ajustado sazonalmente) na semana encerrada em 9 de novembro, a maior leitura desde 22 de junho, informou o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos nesta quinta-feira. Os dados da semana anterior não foram revisados.
Economistas consultados pela Reuters previam que as reivindicações aumentariam para 215 mil na última semana.
O Departamento informou que alguns Estados não tiveram tempo suficiente de processar os dados das reivindicações por auxílio por causa do feriado do Dia dos Veteranos nos EUA na segunda-feira passada, o que os levou a fazer estimativas.
A força do mercado de trabalho, marcada pela menor taxa de desemprego em quase 50 anos, está apoiando os gastos dos consumidores e ajudando a compensar parte do impacto da guerra comercial EUA-China sobre a economia.
(Por Lucia Mutikani)