Os preços da indústria nacional subiram 0,35% em março frente a fevereiro de 2024. Esta é a 2ª vez que o índice registra alta depois de 3 meses de queda. Com isso, o IPP (Índice de Preços ao Produtor) acumulou ganhos de 0,25% no ano, mas ainda se encontra no campo negativo no acumulado dos últimos 12 meses (-4,13%). Em março de 2023, a taxa foi de -0,65%.
Em março deste ano, 17 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações positivas de preço quando comparadas ao mês anterior, acompanhando a variação do índice na indústria geral. Em fevereiro, 14 atividades haviam apresentado altas nos preços médios em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados em 30 de abril pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O supervisor de pesquisas do IBGE e analista do IPP, Murilo Alvim, explica que:
“O principal destaque em termos de influência foi o setor químico com alta de 2,06%. O que pautou essa alta foram os produtos derivados da cadeia de petróleo. Estamos vendo uma alta nos preços do barril de petróleo nos últimos meses, com isso há uma pressão via custos de aumento dos preços dos derivados. Isso em conjunto com um aumento da demanda, especialmente por parte da China, que está com a atividade industrial aquecida, e por causa dos desafios de logística no mercado externo. Isso afeta os produtos derivados da nafta e de resinas e elastômeros, matérias-primas para a fabricação de materiais plásticos”.
O setor de outros produtos químicos foi destaque, seja pela sua magnitude –a 2ª variação mais intensa nesse tipo de comparação– ou pela sua contribuição no resultado geral do mesmo indicador. Com 0,16 p.p. somados na variação de 0,35% da indústria geral, a indústria química exerceu a principal influência sobre o IPP na comparação com fevereiro.
Além de outros produtos químicos, as atividades industriais responsáveis pelas maiores variações em março foram vestuário (2,65%), papel e celulose (1,92%), e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-1,46%). Já em termos de influência, os destaques foram, além de outros produtos químicos (0,16 p.p.), os setores de refino de petróleo e biocombustíveis (0,10 p.p.), alimentos (-0,09 p.p.) e papel e celulose (0,06 p.p.).
O setor de refino, com alta de 0,93%, segue com os mesmos efeitos da cadeia de petróleo. Os destaques dentre os derivados de petróleo são o querosene de aviação e os óleos combustíveis.
Efeito da deflação de alimentos
O setor de alimentos, que aparece entre as principais influências no resultado geral da indústria, apresentou uma queda de 0,38% –o 3º resultado negativo consecutivo. Com isso, no acumulado no ano, a variação foi de -2,21%. Em março de 2023, havia sido -0,61%.
Já no acumulado em 12 meses, como vem ocorrendo desde abril de 2023 (-0,80%), a variação permaneceu no campo negativo, de -4,36%.
“O setor de alimentos teve quedas em todos os meses de 2024. A queda de -038% nem é tão significativa em termos de variação, mas é em termos de influência devido ao peso do setor, estando entre as maiores influências e a única que puxou o resultado para baixo. Tanto no mês, quanto nos acumulados em 2024 e nos últimos 12 meses percebemos menores preços em qualquer comparação. Pelo lado do produtor industrial de alimentos no Brasil, podemos falar em deflação de produtos alimentícios”, ressaltou Alvim.
Minério freia alta das indústrias extrativas
A atividade de indústrias extrativas também mostrou variação expressiva negativa, de -1,04%, depois de 3 meses consecutivos com variação média positiva de preços. O acumulado no ano, portanto, recuou de 6,52%, em fevereiro, para 5,41%, em março.
Já na comparação de março de 2024 com março de 2023, o resultado foi de 1,19%, o menor dos 4, e positivo como tem sido desde dezembro de 2023 no indicador acumulado em 12 meses.
“Apesar de o setor de petróleo ter sido importante para explicar as altas das atividades de química e de refino, o setor extrativo teve queda de 1,04% porque o produto de maior peso, o minério de ferro, teve queda. Em janeiro, o setor extrativo teve alta de 4,64% e em fevereiro de 1,79%. A queda de março não anula os ganhos de 2024, e ainda deixa o setor extrativo como a principal variação, positiva, no acumulado do ano”, disse Alvim.
O setor de papel e celulose, com alta de 1,92%, foi impactado pela alta nos preços internacionais e por interrupções na cadeia de suprimentos e paralisação em alguns portos, o que retrai a oferta mundial da celulose.
“O Brasil é impactado ainda pela alta do dólar, que subiu 0,3% no mês e já acumula um avanço de 1,7% no ano”, acrescentou o analista.
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de fevereiro para março de 2024 repercutiu da seguinte forma:
- 0,18% de variação em bens de capital;
- 0,53% em bens intermediários; e
- 0,12% em bens de consumo.
Leva-se em consideração que a variação observada nos bens de consumo duráveis foi de -0,09%, à medida que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis foi de 0,16%.
O IPP
Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.
O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6.000 preços são coletados mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra. A próxima divulgação do IPP, referente a abril, será na 3ª feira (28.mai.2024).
Com informações da Agência IBGE.