Por Steve Scherer e David Ljunggren
OTTAWA (Reuters) - O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse nesta segunda-feira que ativará poderes de emergência raramente usados no país, em um esforço para encerrar protestos que interromperam algumas passagens de fronteira com os Estados Unidos e paralisaram partes da capital.
"Os bloqueios estão prejudicando nossa economia e colocando em risco a segurança pública", disse Trudeau em entrevista coletiva. "Não podemos e não permitiremos que atividades ilegais e perigosas continuem."
A frustração vem crescendo com o que os críticos veem como uma abordagem permissiva da polícia às manifestações na cidade fronteiriça de Windsor, em Ontário, e em Ottawa, capital do país, onde os protestos entraram na terceira semana.
"Apesar de seus melhores esforços, agora está claro que existem sérios desafios ao alcance das forças de segurança de efetivamente aplicar a lei", disse Trudeau.
Manifestantes bloquearam a Ambassador Bridge, uma rota comercial vital para Detroit, por seis dias, antes de a polícia encerrar o protesto no domingo.
Os protestos do "Comboio da Liberdade", iniciados por caminhoneiros canadenses que se opõem a uma exigência de vacinação ou quarentena da Covid-19 para motoristas transfronteiriços, atraíram pessoas que se são contrárias às políticas de Trudeau em tudo, desde restrições pandêmicas a um imposto de carbono.
A Lei de Emergências de 1988 permite que o governo federal se sobreponha às províncias e autorize medidas temporárias especiais para garantir a segurança durante emergências nacionais. A lei só foi usada uma vez em tempos de paz, em 1970, pelo pai de Trudeau, o ex-primeiro-ministro Pierre Trudeau.
Mais cedo nesta segunda-feira, quatro primeiros-ministros provinciais --em Alberta, Québec, Manitoba e Saskatchewan-- disseram que se opunham aos planos de invocar o ato, dizendo que era desnecessário.
O Parlamento canadense terá que aprovar o uso das medidas de emergência em sete dias, e também tem o poder de revogá-las.