Por Marcelo Rochabrun
LIMA (Reuters) - O presidente peruano, Pedro Castillo, suspendeu na tarde desta terça-feira uma ordem de toque de recolher após um desafio generalizado nas ruas, em meio à disseminação de protestos contra o aumento dos preços de combustíveis e fertilizantes desencadeado pelo conflito na Ucrânia.
"Devo anunciar que a partir deste momento vamos cancelar o toque de recolher", disse Castillo em uma reunião com o Congresso. "Apelamos agora ao povo peruano para manter a calma."
Castillo emitiu um toque de recolher repentino minutos antes da meia-noite de segunda-feira, ordenando que os moradores de Lima ficassem em casa entre 2h e 23h59, em uma tentativa de conter protestos em todo o país por causa do aumento dos preços.
Mas o toque de recolher desencadeou uma nova crise para o governo Castillo, com milhares de pessoas indo às ruas para desafiar a medida. Ele interrompeu o toque de recolher logo após as 17h no horário local.
Os novos protestos de terça-feira se somaram a uma crise mais ampla que começou há uma semana no Peru devido à inflação crescente, que abalou Castillo poucos dias depois de ele sobreviver a uma tentativa de impeachment.
Os protestos se tornaram cada vez mais violentos e pelo menos quatro pessoas foram mortas, disse o governo mais cedo.
As sanções ocidentais à Rússia reduziram o fornecimento de petróleo e fertilizantes, prejudicando economias emergentes frágeis como o Peru. Como muitos países, o Peru lutava contra a alta inflação antes do início da guerra, mas o conflito acelerou um aumento no preço dos alimentos, combustíveis e outros itens essenciais. A inflação de março do Peru, em 1,48%, foi a mais alta em 26 anos.
O governo disse repetidamente, sem fornecer provas, que o toque de recolher era necessário para evitar saques.