SÃO PAULO (Reuters) - A produção de veículos no Brasil em outubro cresceu 2,6% ante setembro, enquanto as vendas de novos tiveram avanço de 4,7%, informou nesta segunda-feira a associação de montadoras, Anfavea.
A produção somou 177,9 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus e as vendas corresponderam a 162,3 mil unidades, o primeiro crescimento mensal nos licenciamentos desde a marca de 188,7 mil registrada em maio.
Na comparação com outubro do ano passado, quando o setor ainda não enfrentava de maneira intensa a crise de semicondutores, a produção do mês passado caiu 24,8% e a venda recuou 24,5%.
Os veículos leves - automóveis, picapes, SUVs e vans - tiveram alta de 3% no volume produzido em outubro ante setembro, mas queda sobre um ano antes de 27,2%, para cerca de 163 mil unidades. Os caminhões, por outro lado, tiveram recuo de 1,7% na relação mensal e alta de 24,6% na anual, para 13,6 mil veículos.
Em outubro, as exportações de veículos montados cresceram 26,1% ante setembro, mas recuaram 14,6% em relação ao mesmo mês de 2020, para 29,8 mil unidades.
GREVE
O presidente da Anfavea deixou inalteradas as estimativas reduzidas de desempenho do setor para o ano divulgadas em outubro - produção em alta de 6% a 10% e vendas em queda de 1% a crescimento de 3% -, mas alertou que greve no Porto do Santos é outro problema enfrentado pelo setor, além da escassez de componentes.
"Existe, sim, risco de parada de produção por causa da greve (de caminhoneiros) no Porto de Santos", disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em entrevista a jornalistas após a divulgação dos números mensais da entidade.
"Muitas montadoras usam o porto para receber material importado... Esperamos que o governo consiga um diálogo lá, no final de semana várias montadoras tentaram liberar as coisas lá, mas pelo o que estamos sabendo a greve continua", acrescentou.
O setor automotivo terminou outubro com estoque de 93,5 mil veículos, volume suficiente para atendimento de 17 dias de vendas, segundo os dados da entidade. Em setembro, o montante era de 85,9 mil unidades.
Moraes afirmou ainda que a indústria automotiva tem preocupação sobre as perspectivas para 2022, em meio a um forte movimento de alta de juros e eleições.
"O juro do CDC (crédito direto ao consumidor) já está em 23,5%. A Selic tem gente já falando em 12%...tudo isso traz um ambiente de negócios que não é bom em um momento em que o país está saindo da pandemia", disse Moraes ao responder pergunta sobre os esforços do governo do presidente Jair Bolsonaro para aprovar a PEC que permite o estouro do teto de gastos.
"Esperamos ter crescimento em 2022, mas este momento atual não ajuda... A preocupação (sobre o desempenho do setor no próximo ano) existe. A agenda eleitoral não pode ficar acima da agenda econômica, das reformas e da agenda social."
(Por Alberto Alerigi Jr.)