Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A menor fabricação de alimentos pressionou e a produção industrial do Brasil cresceu bem menos do que o esperado em fevereiro, recuperando apenas parte das perdas do mês anterior em mais um indício da dificuldade da economia em imprimir ritmo consistente de recuperação.
A produção da indústria subiu 0,1 por cento em fevereiro na comparação com o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
O resultado ficou bem abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,7 por cento, após perda de 0,2 por cento no primeiro mês do ano.
Na comparação anual, o resultado foi ainda pior, com recuo de 0,8 por cento em fevereiro, voltando ao ritmo de queda que havia sido interrompido em janeiro com avanço de 1,4 por cento. A mediana das expectativas apontava alta 0,35 por cento na base anual.
"A indústria está mostrando que o pior, com quedas sucessivas, ficou para trás. Mas não dá para dizer que setor iniciou um recuperação. A leitura para indústria é de estabilidade", disse o economista do IBGE André Macedo.
"Os níveis de confiança melhoraram mas ainda num patamar baixo. Por outro lado, o mercado de trabalho continua bem desfavorável, e o desemprego maior trava um pouco o setor industrial", completou.
O IBGE mostrou que a categoria de Bens de Capital, uma medida de investimento, apresentou o melhor desempenho em fevereiro sobre o mês anterior, com alta de 6,5 por cento. Porém a produção dos bens semiduráveis e não duráveis recuou 1,6 por cento na mesma base de comparação.
Entre os 24 ramos pesquisados, o principal impacto positivo foi o aumento de 6,1 por cento em veículos automotores, reboques e carrocerias. Porém, na outra ponta, a fabricação de produtos alimentícios pesou sobre o setor com queda de 2,7 por cento, interrompendo dois meses de expansão na produção.
Apesar de indicadores recentes darem sinais de que a economia caminha para uma recuperação após dois anos de retração, a retomada ainda se mostra gradual.
Para março, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) mostrou que a indústria brasileira registrou o primeiro aumento no volume de produção e de novos pedidos em pouco mais de dois anos, reduzindo com força o ritmo de contração da atividade.
Já a confiança da indústria atingiu em março o maior nível em quase três anos, apontando uma tendência de recuperação segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).