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Indústria brasileira fica estagnada em junho e termina 2º tri com perdas de 2,5%

Publicado 03.08.2021, 09:05
Atualizado 03.08.2021, 09:45
© Reuters. Fábrica de alumínio em Pindamonhangaba, SP
19/06/2015 REUTERS/Paulo Whitaker

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A indústria brasileira ficou estagnada em junho diante ainda dos efeitos da pandemia sobre o processo de produção e na economia, permanecendo no patamar pré-crise mas fechando o segundo trimestre com fortes perdas.

Em maio, a produção industrial havia subido 1,4%, depois de queda de 1,5% em abril, encerrando o segundo trimestre com queda de 2,5% sobre os três meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro trimestre, a indústria havia registrado perda de 0,4% sobre o final de 2020.

Em relação a junho de 2020, foi registrado avanço de 12,0% na produção. Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters de estabilidade no mês e avanço de 11,8% na base anual.

O setor industrial enfrentou neste ano o recrudescimento da pandemia, com isolamento social, em cenário de desemprego e inflação altos.

“A história de 2021 tem a ver com o recrudescimento da pandemia, com mais isolamento e restrições. Mesmo com vacinação e flexibilização, ainda há um desarranjo produtivo, desabastecimento de alguns insumos e ainda temos um mercado de trabalho com desemprego alto, uma renda disponível comprometida e inflação mais alta. Isso tudo afeta o desempenho da indústria", explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.

"Pelo lado da demanda, ou seja, observando a economia como um todo, há também uma taxa de desocupação alta, o que traz uma consequência para a massa de salários. São fatores que não são recentes, mas ajudam a explicar esse comportamento da produção industrial”, completou.

Apesar da estabilidade, em junho três das quatro grandes categorias econômicas e a 14 das 26 atividades na pesquisa sofreram queda na produção.

O principal impacto negativo no mês foi exercido por veículos automotores, reboques e carrocerias, com queda de -3,8%, voltando a recuar após resultados positivos em abril (1,6%) e maio (0,3%).

“Essa atividade foi muito atingida pelos efeitos da pandemia, na medida em que várias montadoras estão fazendo paralisações de seus parques produtivos. Isso explica não só o resultado negativo de junho, mas o movimento de perda mais importante que essa atividade vem mostrando nesse início de 2021”, disse Macedo.

© Reuters. Fábrica de alumínio em Pindamonhangaba, SP
19/06/2015 REUTERS/Paulo Whitaker

Também pesou o recuo de 5,3% na produção de celulose, papel e produtos de papel, terceiro mês seguido de perdas. Já a produção de produtos alimentícios caiu 1,3% em junho sobre maio, possivelmente devido ao clima mais seco, segundo o IBGE.

Em relação às grandes categorias econômicas, somente a de Bens de Capital apresentou aumento da produção em junho, de 1,4%. A fabricação de Bens Intermediários recuou 0,6%, enquanto a de Bens de Consumo Duráveis caiu 0,6% e a de Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis perdeu 1,3%.

“O desafio da indústria para uma retomada passa pela normalização dos efeitos da pandemia, mas também por uma demanda doméstica, mais gente trabalhando, controle de preços, mais exportação dos nossos produtos. A situação da indústria não tem só a pandemia, mas tem a questão da demanda doméstica que precisa ser considerado", disse Macedo.

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