Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A produção industrial do Brasil voltou a crescer em agosto e ficou em linha com o esperado com o desempenho das indústrias extrativas, embora não tenha recuperado a perda do mês anterior.
Em agosto, a indústria apresentou alta de 0,1% da produção em relação ao mês anterior, depois de recuar 1,4% em julho, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve aumento de 2,2% da produção industrial em agosto. Com esses resultados, a produção está 1,5% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020; mas ainda 15,4% abaixo do nível recorde de maio de 2011.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de ganho mensal de 0,1% em agosto e de alta de 2,3% na base anual.
"voltamos ao terreno positivo e isso mantém o setor acima do nível pré-pandemia. Essa manutenção é positiva mas ainda sim tem que recuperar muitas perdas do passado", André Macedo, gerente da pesquisa.
"Temos uma conjuntura melhor para o mercado de trabalho e renda, com inadimplência menor".
A indústria brasileira vem sendo favorecida pela força do mercado de trabalho e aquecimento do mercado interno. Analistas preveem, no entanto, desaceleração do ritmo de expansão da economia no segundo semestre.
Além disso, o Banco Central retomou a alta dos juros ao elevar a Selic em 0,25 ponto percentual no mês passado, a 10,75%, e as expectativas são de novos aumentos nas duas últimas reuniões do ano.
O IBGE destacou que, entre as atividades, a principal influência positiva em agosto veio das indústrias extrativas, com alta de 1,1% após recuar 2,2% em julho.
"No mês anterior, tanto o petróleo quanto o minério de ferro mostraram queda e o resultado de agosto representa uma volta ao campo positivo", explicou Macedo.
Também apresentaram ganhos os setores de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (3,6%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,0%) e de produtos químicos (0,7%).
Na outra ponta, as quedas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,3%), produtos diversos (-16,7%) e impressão e reprodução de gravações (-25,1%).
“Em agosto, observamos um comportamento negativo em automóveis e nos comerciais leves. É mais uma característica desse mês, do que propriamente uma tendência de reversão do quadro positivo dessa atividade nos últimos meses”, disse Macedo.
Entre as categorias econômicas, a produção de Bens de Capital recuou 4,0% no mês, enquanto a de Bens Intermediários e Bens de Consumo avançaram respectivamente 0,3% e 0,7%.