Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil iniciou 2020 com aumento na produção industrial e o melhor resultado para janeiro em três anos, interrompendo dois meses de taxas negativas diante de um salto nos investimentos, mas ainda sem apontar mudança de tendência.
A produção industrial brasileira teve em janeiro alta de 0,9% na comparação com o mês anterior, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Esse foi o resultado mais alto desde outubro, quando também cresceu 0,9%, e a melhor leitura para o mês de janeiro desde 2017, quando aumentou 1,1%.
O resultado de janeiro ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,6%, mas não foi suficiente para recuperar a perda acumulada de 2,4% em novembro e dezembro.
Em relação a janeiro de 2019, a indústria teve recuo de 0,9% na produção, terceira queda seguida, contra projeção de perda de 1,0%.
"O resultado positivo de agora deriva mais de uma base fraca, em cima de dois meses seguidos de quedas, do que uma melhora de cenário ou ambiente", avaliou o gerente da pesquisa, André Macedo.
"No fim do ano passado, houve período de férias coletivas em setores como automóveis e metalurgia, e é natural que com a volta ao trabalho haja aumento de produção", completou.
O IBGE apontou que, entre as categorias econômicas, o destaque ficou para Bens de Capital, uma medida de investimento, com um salto de 12,6% sobre dezembro, interrompendo o comportamento negativo visto desde maio de 2019, período em que acumulou redução de 14,8%.
A fabricação de Bens Intermediários aumentou 0,8%, enquanto a de Bens de Consumo cresceu 0,4%. De acordo com o IBGE, a retomada da produção nas indústrias de veículos depois do período de férias coletivas ajudou nos resultados positivos.
Entre os ramos pesquisados, 17 de 26 avançaram. As influências positivas mais importantes foram de máquinas e equipamentos (11,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,0%), metalurgia (6,1%), produtos alimentícios (1,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%).
"Apesar da alta, a indústria ainda está muito distante do pico de produção (17,1% em maio de 2014), operando no nível do começo de 2019", disse Macedo, que alertou ainda para o provável impacto do coronavírus no setor.
"O coronavirus é uma realidade e ainda não há efeitos em janeiro, mas ele deve ter impacto na indústria. Não sabemos se já em fevereiro ou em março, e em que intensidade isso vai aparecer."
Em 2019, a indústria brasileira teve crescimento de apenas 0,5%, igualando o desempenho de 2018, de acordo com os dados do PIB.
Para este ano, a expectativa de economistas é de um crescimento de 2% da indústria, segundo a pesquisa Focus mais recente realizada pelo Banco Central.