Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O terceiro trimestre começou com força na indústria brasileira, com a produção crescendo pelo sexto mês seguido em outubro e superando em mais de 1% o patamar pré-pandemia.
A produção industrial brasileira subiu 1,1% em outubro sobre o mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com alta de 39% acumulada nos seis meses de resultados positivos, o setor está 1,4% acima do patamar de fevereiro, antes do agravamento da pandemia de Covid-19 no país.
Em março e abril, a produção industrial caiu ao nível mais baixo da série diante das medidas de isolamento para contenção do coronavírus, e em setembro conseguiu recuperar as perdas acumuladas no ápice da pandemia.
Na comparação com outubro de 2019, houve aumento de 0,3% da produção, mas ainda assim no acumulado do ano a indústria tem contração de 6,3%, destacando o impacto relevante das medidas de contenção sobre o setor.
"Ainda há espaço expressivo a ser recuperado, antes da pandemia ainda havia perdas a retomar", afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo, destacando que o setor ainda está 14,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
As paralisações por conta da pandemia de coronavírus atingiram em cheio a indústria, que vem mostrando recuperação gradual com a flexibilização das medidas de isolamento e medidas de auxílio. O grande contigente de desempregados no país também ajuda a pressionar a economia.
"Qualquer manutenção dessa trajetória da indústria depende da reação do mercado de trabalho, ainda há muita gente fora dele. É fundamental pensar no aumento do emprego e massa de rendimentos", completou Macedo.
Os dados de outubro, porém, ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, de aumentos de 1,4% na comparação mensal e de 1,0% na base anual.
No mês de outubro o destaque foi a alta de 7,0% na produção de Bens de Capital, uma medida de investimento. A outra taxa positiva no mês foi registrada por Bens de consumo duráveis, de 1,4%. Ambas as categorias tiveram o sexto mês seguido de expansão na produção.
Por outro lado, a fabricação de Bens Intermediários caiu 0,2% em outubro sobre o mês anterior, enquanto a de Bens de Consumo semi e não duráveis recuou 0,1%, interrompendo cinco meses consecutivos de crescimento.
Entre as atividades, a principal influência positiva foi da alta de 4,7% em Veículos automotores, reboques e carrocerias, setor que acumulou expansão de 1.075,8% em seis meses consecutivos de crescimento na produção. Ainda assim, ele está 9,1% abaixo do patamar de fevereiro.
Um dado a ser destacado é a menor disseminação do crescimento entre as atividades. Enquanto em setembro 22 dos 26 ramos pesquisados apresentaram aumento da produção, em outubro foram apenas 15.
"O auxílio emergencial foi importante para a reação do setor, mas esse crescimento vem sendo menor. Até setembro era um crescimento generalizado da indústria, mas em outubro houve espalhamento menor (entre as atividades)", completou Macedo.