Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A produção industrial do Brasil encerrou o terceiro trimestre com alta em setembro após duas quedas seguidas, mas num resultado ainda insuficiente para abrir caminho para uma recuperação sustentada.
A alta de 0,5 por cento em setembro sobre o mês anterior veio após recuos de 3,5 por cento em agosto e de 0,1 por cento em julho, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com o mesmo mês de 2015, a produção apresentou recuo de 4,8 por cento em setembro, atingindo o 31º mês consecutivo de retração nessa base de comparação, ainda que a menos intensa desde junho de 2015 (-2,6 por cento).
"Tem que relativizar o crescimento de 0,5 por cento porque ele se dá em cima de duas quedas seguidas, e uma delas expressiva", destacou o economista do IBGE André Macedo.
Os resultados foram ligeiramente melhores do que as expectativas de alta de 0,4 por cento na base mensal e de recuo de 5,2 por cento sobre o ano anterior na mediana das projeções em pesquisa da Reuters.
Os destaques positivos em setembro foram as altas de 1,2 por cento de Bens Intermediários e de 1,9 por cento de Bens de Consumo Duráveis na comparação com agosto. Os ganhos, entretanto, foram insuficientes para recuperar as quedas vistas em agosto de 3,6 e 6,4 por cento, respectivamente.
Por outro lado, Bens de Capital, uma medida de investimento, apresentou recuo de 5,1 por cento, a terceira leitura negativa para a categoria.
Apenas nove dos 24 ramos pesquisados, segundo o IBGE, apresentaram aumento da produção em setembro, destacando-se produtos alimentícios (6,4 por cento), indústrias extrativas (2,6 por cento) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8 por cento).
Macedo explicou que esses três ramos têm representatividade expressiva na pesquisa, de 35 por cento do setor industrial. "Todas as justificativas à menor intensidade da produção industrial esse ano permanecem, como demanda enfraquecida, mercado de trabalho demissionário, renda menor e preços ainda elevados", afirmou o economista. "Enquanto esses fatores permanecerem, vão provocar essa instalbilidade".
Em outubro, tanto as avaliações sobre a situação atual quanto sobre as perspectivas pioraram, e o Índice de Confiança da Indústria (ICI) brasileira recuou após alta no mês anterior, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Economistas consultados na pesquisa semanal Focus do Banco Central veem contração de 6 por cento da produção industrial este ano, recuperando-se para expansão de 1,11 por cento em 2017. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a expectativa é de retração de 3,30 por cento em 2016 e crescimento de 1,21 por cento em 2017.