Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A produção industrial brasileira voltou a subir em setembro após uma pausa no mês anterior, porém com resultado abaixo do esperado que destaca o ritmo gradual da recuperação da economia do país.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quarta-feira que a produção industrial registrou alta de 0,2 por cento em setembro sobre o mês anterior, após queda de 0,7 por cento em agosto.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,6 por cento na comparação mensal.
Em relação ao mesmo mês de 2016, o setor teve avanço de 2,6 por cento, também aquém da projeção de economistas de alta de 3,1 por cento nessa base de comparação.
"A indústria vem mostrando algum tipo de melhora, mas num ritmo lento e gradual. O cenário não mudou e esse é o perfil do segmento", explicou o coordenador da pesquisa no IBGE, André Macedo.
Esse cenário fica evidente nas leituras trimestrais. A indústria fechou o terceiro trimestre com crescimento de 0,9 por cento sobre o período anterior, após altas de 1,1 por cento no segundo trimestre e de 1,4 por cento no primeiro trimestre sobre os três últimos meses de 2016.
Em setembro, segundo o IBGE, somente a categoria de Bens Intermediários apresentou alta em relação a agosto, de 0,7 por cento. A produção de Bens de Consumo recuou 0,7 por cento enquanto a de Bens de Capital, uma medida de investimento, caiu 0,3 por cento.
Entre os ramos pesquisados, 8 dos 24 apresentaram ganhos, com destaque para coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+6,7 por cento) e produtos alimentícios (+4,1 por cento).
A confiança da indústria vem apresentando sinais de melhora e chegou em outubro ao maior patamar desde abril de 2014, segundo a Fundação Getulio Vargas.
Isso em um ambiente no país de inflação e juros baixos de forma contínua, o que incentiva o consumo e vem ajudando na recuperação econômica, embora a retomada do emprego ainda seja baseada no trabalho informal.
"A indústria é um setor que ainda não tem fôlego para trajetória de recuperação consolidada. A questão é que o mercado doméstico ainda não está consolidado e aquecido, até pelo perfil de contratações informais", completou Macedo.