Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira encolheu inesperadamente em agosto, interrompendo quatro meses seguidos de alta, pressionada principalmente pelo setor de alimentos, movimento entretanto que não tende a atrapalhar o ritmo de recuperação do setor.
A produção industrial no Brasil caiu 0,8 por cento em agosto sobre julho, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contra expectativa de estabilidade em pesquisa da Reuters com analistas. Esse é o resultado mais fraco desde março (-1,6 por cento).
Na comparação com agosto de 2016, o setor avançou 4 por cento, enquanto a mediana das projeções na pesquisa era de alta de 4,8 por cento. Ainda assim, é o melhor resultado para o mês nessa base de comparação desde 2010.
"A queda da produção em agosto foi concentrada em poucos grupos, mas de muita relevância. Não é um rompimento de tendência, parece ser um movimento pontual e concentrado. A conjuntura não mudou", afirmou o coordenador da pesquisa no IBGE, André Macedo
O destaque em agosto ficou para o recuo de 5,5 por cento na produção de alimentos após três meses consecutivos de ganhos, devido principalmente à produção menor de açúcar. O mesmo aconteceu em outros setores, como atividade extrativa, de máquinas e equipamentos e de derivados de petróleo.
Entre as categorias econômicas, segundo o IBGE, a maior queda mensal aconteceu em Bens Intermediários, de 1 por cento. Por outro lado, a produção de Bens de Consumo Duráveis apresentou avanço de 4,1 por cento em agosto.
A indústria no país tem se favorecido dos níveis baixos de juros e inflação, o que incentiva o consumo. O mercado de trabalho também vem dando indicações de melhora, com a taxa de desemprego recuando para 12,6 por cento no trimestre até agosto, dando base para a recuperação da economia após a recessão que afetou o país.