MEMPHIS (Reuters) - A contínua queda dos preços do petróleo causou um recuo "preocupante" nas expectativas de inflação nos Estados Unidos, que pode tornar difícil justificar novas altas de juros, disse nesta quinta-feira o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard.
Desde que a dramática queda do petróleo começou em 2014, autoridades do banco central norte-americano têm insistido que o impacto sobre os níveis de preço nos EUA será temporário, se recuperando em algum momento e permitindo que a inflação acelere para a meta de 2 por cento do Fed.
Bullard disse que até o momento vinha tentando olhar a queda das expectativas como possivelmente passageira. Mas ele agora está preocupado que o recuo do petróleo tenha desancorado também as expectativas de inflação, o que poder dificultar a avanço da inflação para a meta e forçar seus membros do Fed a repensar as quatro altas de 0,5 ponto percentual esperadas para este ano.
"Estamos há 18 meses nisso e estou começando a questionar de minha história é a correta", disse Bullard. "Para mim, expectativas de inflação são chave e se elas continuarem a cair eu daria mais peso a isso".
Ele disse ainda acreditar que a forte criação de empregos sobreporá a inflação fraca e uma desaceleração do crescimento da economia. A perspectiva de quatro altas de juros ainda parece "razoavelmente certa", disse Bullard.
No entanto, vindo de um membro do Fed que argumentava em favor de uma alta de juros mais cedo e que é considerado "hawkish", os comentários de Bullard refletem a profundidade da preocupação no Fed que pode ter dificuldades para levar a inflação para a meta dado o estado da economia global.
O Fed elevou a taxa de juros em dezembro, em meio ao baixo desemprego, e expressou "confiança razoável" de que a inflação subiria. Desde então, os preços do petróleo caíram mais e o mercado acionário norte-americano despencou em meio a mudança na percepção sobre o futuro da economia chinesa.
Bullard disse que, de maneira geral, ele ainda acredita que os preços do petróleo em baixa serão um fator positivo para os EUA, ao sustentar os gastos dos consumidores.