RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O setor de serviços do Brasil reduziu com força as perdas vistas recentemente e ficou praticamente estável em maio, mas o desempenho ainda não é suficiente para sinalizar mudança de tendência em meio ao cenário de forte recessão no país.
O volume da atividade de serviços registrou leve queda de 0,1 por cento em maio sobre o mês anterior, após contrair 1,6 por cento em abril, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Esta é a primeira vez que o IBGE divulga os dados mensais para a pesquisa de serviços. Na comparação com o mesmo período de 2015, o setor mostrou perdas no volume de 6,1 por cento, pior resultado para o mês na série iniciada em 2012.
O resultado anual veio muito pior do que o esperado em pesquisa da Reuters, cujas projeções eram de queda de 3,9 por cento em maio na comparação com o ano anterior.
Sentindo os efeitos do desemprego e inflação elevados que pesam no bolso do consumidor, o setor registrou em maio a 14ª taxa anual negativa seguida. No acumulado de 12 meses, a atividade tem queda de 4,8 por cento.
"O setor de serviços depende muito do comportamento industrial, que ficou zerado em maio. A recuperação de serviços vai depender da reação da indústria daqui para a frente", explicou o coordenador da pesquisa no IBGE, Roberto Saldanha.
Em maio, o único segmento que apresentou queda mensal no volume foi o de Serviços de informação e comunicação, com recuo de 0,2 por cento. Entre as altas, destacou-se o avanço de 0,7 por cento entre os Serviços profissionais, administrativos e complementares.
Na comparação anual, segundo o IBGE, a principal contribuição para a queda partiu de Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, com queda de 9,1 por cento.
O volume do chamado agregado especial Atividades turísticas, item à parte por repetir serviços já avaliados em outras atividades, registrou alta de 0,4 por cento sobre abril e queda de 8,9 por cento sobre o ano anterior.
A queda do volume de novos negócios continuou pressionando o setor de serviços em junho, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês). O indicador aponta nova contração no mês passado, ainda que em ritmo mais fraco, afetando o nível e emprego com força.
(Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira)