Por Luciana Otoni
BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registrou superávit primário de 10,405 bilhões de reais em janeiro, pior resultado para o mês desde 2009 devido à queda na arrecadação, apenas parcialmente compensada com maiores receitas provenientes da exploração de petróleo e gás.
Conforme informações divulgadas pelo Tesouro Nacional nesta quinta-feira, no período o Tesouro teve superávit de 16,197 bilhões de reais, a Previdência Social apresentou resultado negativo de 5,652 bilhões de reais, enquanto o Banco Central apresentou déficit de 140,5 milhões de reais.
O resultado de janeiro deste ano é pior para o mês desde 2009, auge da crise internacional, quando houve superávit de 3,978 bilhões de reais.
No mês passado, a receita líquida do governo central ficou em 102,936 bilhões de reais, com alta de 3,9 por cento ante dezembro, ajudada por 4,726 bilhões provenientes do recebimento de royaties de petróleo e gás e do ingresso de 4,237 bilhões de reais em receitas diretamente arrecadadas. O resultado não foi melhor porque no mês passado, a arrecadação de tributos federais teve queda real de 5,44 por cento.
As despesas ficaram em 92,530 bilhões de reais, com recuo de 5,6 por cento em relação a dezembro, puxado pela queda de 13,1 por cento nos gastos com pessoal.
Em 2014, o setor público registrou déficit primário pela primeira vez em mais de dez anos, de 32,536 bilhões de reais, num resultado fiscal que reforçou as expectativas negativas sobre a política macroeconômica brasileira.
Para reverter esse quadro, a equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff -- formada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) e por Alexandre Tombini (presidente do Banco Central)-- definiu a meta de superávit primário de 2015 equivalente a 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), colocando um prática um amplo programa de ajustes das contas públicas.
Em nova etapa desse ajuste, o governo publicou na quarta-feira decreto determinando o bloqueio de 143 bilhões de reais em pagamentos de despesas contratadas e ainda não pagas, para contenção de gasto em ano de restrição.