Por Elizabeth Piper e Estelle Shirbon
LONDRES (Reuters) - Os britânicos votavam nesta quinta-feira para decidir se o Reino Unido continua na União Europeia em um referendo que dividiu o país e está sendo observado com nervosismo pelos mercados financeiros e por políticos de todo o mundo.
Uma pesquisa de intenção de voto Ipsos MORI para o jornal Evening Standard, realizada na terça e na quarta-feira, indicou que o apoio para o campo do "fica" ficou em 52 por cento, enquanto o endosso à campanha do "sai" tinha 48 por cento de aprovação.
Pesquisa online Populus, divulgada nesta manhã, indicou 55 por cento para os favoráveis à permanência e 45 por cento para os contrários, mas o quadro geral é de uma votação disputada demais para se projetar o resultado.
Muito irá depender do comparecimento às urnas --os eleitores jovens são vistos como mais simpáticos à UE que os mais idosos, mas menos inclinados a votar.
As seções de votação abriram às 6h (3h no horário de Brasilia) e fecharão às 21h, e os resultados devem ser anunciados pelas 382 áreas de contagem locais na madrugada de sexta-feira.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, convocou o referendo por pressão da ala anti-UE de seu Partido Conservador e do cada vez mais expressivo Partido de Independência do Reino Unido (Ukip, na sigla em inglês) com a esperança de encerrar décadas de debates sobre os laços do Reino Unido com a Europa.
A campanha do "sai" afirma que a economia britânica irá se beneficiar de uma desfiliação da UE, conhecida como 'Brexit'. Cameron diz que ela provocaria um caos financeiro e empobreceria o país.
Ele votou cedo e escreveu no Twitter: "Vote no 'fica', para que nossos filhos e netos tenham um futuro melhor".
Seu principal adversário, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, cuja decisão de apoiar o "sai" eletrizou a campanha, disse aos eleitores na quarta-feira que esta é a "última chance para resolver isto".
Trata-se do terceiro referendo da história britânica. O primeiro, também a respeito da filiação do que então era chamado de Comunidade Econômica Europeia, foi convocado em 1975.
A campanha de quatro meses, que expôs desavenças amargas no partido governista, foi dominada pela imigração e pela economia e abalada pelo assassinato da parlamentar trabalhista pró-UE Jo Cox na semana passada.
(Reportagem adicional de Michael Holden, Sarah Young e Ana Nicolaci da Costa)