SÃO PAULO (Reuters) - Medidas restritivas associadas à pandemia de coronavírus e temperaturas mais amenas têm impactado negativamente a demanda por energia no Brasil neste mês, apontou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em boletim nesta sexta-feira, ao reduzir a previsão para a carga de energia em abril.
O órgão do setor elétrico vê agora avanço de 12,1% na carga ante mesmo período do ano passado, que foi o primeiro sob impacto de quarentenas contra a Covid-19 no Brasil. No entanto, o resultado representa queda frente à semana anterior, quando a estimativa era de 13,3%.
O desempenho esperado na demanda deve-se principalmente ao isolamento mais severo adotado no país em 2020, mesmo com o agravamento dos casos e mortes pelo vírus neste ano-- a carga em abril passado desabou quase 12% na comparação com 2019.
Para 2021, o ONS chegou a apontar inicialmente estimativa de expansão de 15,8% no uso de eletricidade em abril, mas depois cortou gradualmente os números.
A maior revisão em termos percentuais foi no Sudeste/Centro-Oeste, onde o ONS agora espera alta de 10,1% na carga, contra 12% na semana anterior.
Nas demais regiões, o ONS reduziu a previsão em menos de 1 ponto percentual, mas ainda projetou significativo aumento de carga em base anual.
A maior elevação esperada é no Norte (20,3%), seguido por Sul (14,9%) e Nordeste (12,2%).
Em análise sobre o comportamento do consumo, o ONS disse que "a recuperação que vinha sendo observada no setor industrial brasileiro foi interrompida em março" diante de medidas restritivas e da lentidão da vacinação, enquanto "temperaturas mais amenas" também reduziram a carga esperada.
CHUVAS
O ONS manteve praticamente estáveis as previsões para as chuvas na região das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia do Brasil.
No Sudeste, que concentra os maiores reservatórios, as precipitações devem atingir 36% da média histórica para abril, enquanto no Nordeste estão estimadas em 35%.
Já o acionamento de termelétricas para atendimento à demanda na próxima semana foi previsto em 4,7 gigawatts médios, contra 5 gigawatts médios estimados na semana anterior.
(Por Luciano Costa)