Por Alessandra Galloni
FRANKFURT (Reuters) - A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, rejeitou o pessimismo econômico nesta quarta-feira, prevendo recuperação conforme as incertezas pela Covid-19 diminuem e repetindo que a Europa tem todas as ferramentas necessárias para superar a crise.
Mesmo com a maior parte da zona do euro em lockdown, Lagarde permanece prevendo uma recuperação, desde que as restrições econômicas possam ser levantadas a partir do segundo trimestre e o bloco possa superar o início "trabalhoso" das vacinações.
No mês passado o BCE projetou crescimento econômico de 3,9% este ano no bloco de 19 países que usam o euro, mas as restrições cada vez mais disseminadas à movimentação e à atividade em países como Alemanha e França, junto com a lenta distribuição de vacinas, já estão desafiando as perspectivas apenas duas semanas após o início de 2021.
"Acho que nossas últimas projeções em dezembro ainda são claramente plausíveis", disse Lagarde em entrevista à conferência Reuters Next. "Nossa previsão leva em conta medidas de lockdown até o fim do primeiro trimestre."
O BCE disse em 10 de dezembro que suas projeções levam em conta que níveis "suficientes" de imunidade de rebanho serão alcançados antes do fim de 2021.
"Será uma preocupação se após o fim de março esses Estados membros ainda precisem ter medidas de lockdown e se, por exemplo, os programas de vacinação forem desacelerados", disse Lagarde.
"BASTANTE ATENTOS"
A alta persistente do euro contra o dólar também coloca em risco o crescimento e a inflação, mas Lagarde manteve o tom cauteloso do BCE.
"Estamos bastante atentos, continuaremos extremamente atentos ao impacto sobre os preços que a taxa de câmbio tem", disse ela, acrescentando que o BCE não tem qualquer taxa de câmbio em particular como meta.
Economistas do setor privado já estão reduzindo suas projeções de crescimento, com o Bank of America estimando agora expansão de 2,9%, um ponto percentual a menos do que sua projeção anterior.
Para sustentar a zona do euro, o BCE já prorrogou sua política ultrafrouxa para 2022, mas com os custos de empréstimo já em mínimas recordes e em território negativo em alguns países da zona do euro, seu poder de fogo remanescente é limitado.
Lagarde disse que o BCE pode expandir seu programa de compra de títulos de novo se necessário, mas pode também evitar usar todo o envelope de 1,850 trilhão de euros que determinou para compras se a crise passar.
"Se o envelope que definimos for excessivo e não precisarmos de todo o envelope, que seja", disse ela. "Vamos comprar de forma adequada para manter nosso objetivo de condições favoráveis de financiamento. Se mais for necessário, vamos recalibrar."
Lagarde acrescentou que a revisão da estratégia do banco, a ser finalizada em torno de meados do ano, deixará o BCE com uma meta de inflação mais bem definida e também deverá determinar seu papel no combate à mudança climática.