Por Elizabeth Piper e William James
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o líder trabalhista, Keir Starmer, foram pressionados por eleitores em um evento televisivo nesta quarta-feira, com ambos sendo questionados por decisões passadas, promessas e como financiarão as políticas públicas se vencerem a eleição de 4 de julho.
Em seu mais recente encontro em um estúdio de televisão antes das urnas, os dois se revezaram na interação com um entrevistador e com o público, cujas perguntas e respostas enfatizaram as dificuldades cotidianas de muitas pessoas no Reino Unido e a desconfiança com políticos.
A apenas três semanas de uma eleição que as pesquisas de opinião sugerem que os trabalhistas vencerão com facilidade, Sunak foi vaiado e criticado pelas greves dos médicos, imigração e sua política de introduzir serviço nacional para os jovens.
Starmer foi pressionado por, segundo um membro da plateia, evitar responder perguntas, e pelo apoio ao seu antecessor, o veterano de esquerda, Jeremy Corbyn, no passado.
Segunda uma pesquisa realizada após o evento realizado na cidade de Grimsby, norte da Inglaterra, 64% acreditam que Starmer venceu o evento na emissora Sky News.
Starmer disse à plateia que começará a implementar suas políticas a partir do “primeiro dia” se vencer a eleição, mas se esquivou de responder se estava sendo honesto quando disse em 2019 que seu antecessor, Corbyn, deveria se tornar primeiro-ministro.
“Quero chegar ao ponto em que possa arregaçar as mangas e trabalhar com vocês... dizer que o governo está ao seu lado”, disse Starmer, sob aplausos. “Isso será uma enorme diferença em relação aos últimos 14 anos.”
SUNAK VAIADO
Sunak foi questionado por algumas das suas políticas que, segundo membros da plateia, ainda não resolveram a incapacidade de marcar consultas no dentista, reduzir a lista de espera do Serviço Nacional de Saúde ou impedir a chegada de imigrantes em pequenos barcos.
“Eu sei que passamos por um período difícil, claro que sim... tem sido difícil para todos vocês aqui nesta noite, todos vocês assistindo, mas eu acredito que viramos uma página e temos um plano claro para o futuro”, disse.
“Continuarei lutando duro até o último dia desta eleição.”
O evento foi realizado um dia depois de Sunak apresentar cortes de impostos de 17 bilhões de libras no manifesto do seu partido governista, tentando convencer os eleitores de que tem um plano para melhorar a situação deles, enquanto as políticas dos trabalhistas são vagas e mal concebidas.
Ele afirmou novamente nesta quarta-feira que votar em Starmer seria o equivalente a lhe conceder um cheque em branco, repetindo a acusação contestada de que um governo trabalhista aumentaria os impostos em mais de 2.000 libras. Starmer negou que fosse o caso.
Na quinta-feira, os trabalhistas tentarão esclarecer as coisas com seu próprio manifesto, um documento que apresenta as políticas que o partido seguirá no governo, uma agenda que, segundo Starmer, terá em seu centro a criação de riqueza e crescimento econômico.
Os trabalhistas têm dito repetidamente que vão manter regras rigorosas em matéria de despesas -- uma linha que os trabalhistas, tradicionalmente vistos como o partido dos impostos e das despesas, adotaram não só para tentar mostrar que mudaram desde que foram liderados por Corbyn, mas também para desafiar os ataques dos conservadores de que vão aumentar os impostos.
Mas foi Corbyn que voltou a assombrar Starmer nesta quarta-feira, quando lhe perguntaram se acreditava no que disse quando, em 2019, afirmou que o veterano esquerdista daria um bom primeiro-ministro e quando fez 10 promessas de esquerda para se tornar líder do Partido Trabalhista um ano depois, várias das quais ele deixou de lado desde então.
"Se mudei a minha posição relativamente a essas promessas, sim, mudei", disse Starmer. "Acho que este partido deve sempre colocar o país em primeiro lugar."