Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Um rompimento "sutil" do teto de gastos em 2021 num contexto de retomada da agenda de reformas não provocaria uma deterioração acentuada dos mercados financeiros no Brasil, uma vez que esse cenário já parece estar "na conta" dos players, disse Helena Veronese, economista-chefe na Azimut Brasil Wealth Management.
"Se for um 'driblezinho', o mercado não reagiria tão mal. Mas um rompimento mais explícito do teto sem a contrapartida das reformas levaria o mercado a reagir mal", afirmou.
Analistas econômicos têm discutido se o teto, que limite o crescimento das despesas à variação da inflação, poderá ser alterado para incorporar novas despesas ou se simplesmente será descumprido no ano que vem.
Diante do risco persistente sobre o fiscal, Veronese mantém expectativa de alta de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, após retração (também mantida) de 5% neste ano.
"Além da dúvida fiscal, temos o risco de segunda onda do coronavírus. () De qualquer forma isso vai impactar a atividade, mesmo que seja no fim deste ano e no começo do próximo."
Segundo ela, mesmo com o último IBC-Br melhor que o esperado, a redução do auxílio emergencial já começou a impactar o comércio neste quarto trimestre. "Com isso, temos um carrego um pouco mais fraco para o PIB 2021, com a preocupação fiscal."
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), encerrou o período de julho a setembro com salto de 9,47% sobre os três meses anteriores, um recorde para a série histórica, iniciada em janeiro de 2003.
O IBGE divulga os números oficiais do PIB do terceiro trimestre no próximo dia 3 de dezembro.