SÃO PAULO (Reuters) - O Santander (BVMF:SANB11) revisou para cima suas projeções de inflação para este ano, citando surpresas altistas em leituras recentes do IPCA e o restabelecimento de impostos acima do nível esperado antes, elevando também as contas até 2025.
O banco prevê agora uma alta do IPCA de 6,1% em 2023, contra 5,9% antes, o que leva a um impacto maior da inércia para 2024. Segundo relatório do Santander, a inflação no ano que vem passou a ser estimada em 3,9%, 0,02 ponto percentual a mais do que na projeção anterior.
Ambas as estimativas ficam acima da meta oficial de inflação do país, de 3,25% para 2023 e 3,0% para 2024, sempre com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Para 2025, o Santander também elevou a projeção, para 4,5% de 4,0%.
"Nosso cenário não considera explicitamente uma mudança na meta de inflação. Caso ocorra, este fator geraria riscos altistas para a nossa projeção e as expectativas em geral, em nossa visão", disse o Santander em nota assinada pela economista-chefe Ana Paula Vescovi e a equipe de macroeconomia.
Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,84%, depois de ter avançado 0,53% em janeiro, acumulando alta em 12 meses de 5,60%.
Na mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central com uma centena de economistas, a expectativa é de que a inflação encerre este ano a 5,96% e o próximo a 4,13%.
A desancoragem das expectativas de inflação tem sido ponto de atenção, com o BC alertando que uma desancoragem mais persistente e prolongada aumenta muito o custo de reduzir a inflação.
Apesar das revisões para cima no aumento dos preços, o Santander segue vendo a taxa básica de juros em 13,0% em 2023, 11,0% em 2024 e 8,0% em 2025. Com a Selic atualmente em 13,75%, o Santander prevê o início da queda dos juros em novembro.
Em relação ao cenário fiscal, o banco ainda reduziu a estimativa de déficit primário do setor público para 2023 para 1,2% do PIB, de 1,4%, citando maiores receitas baseadas na renda e emprego, e com preços ainda elevados das commodities.
"Com a nova regra fiscal proposta, esperamos estabilidade das despesas como percentual do PIB, em 19—20%, com um ajuste fiscal pelo lado das receitas, de forma a reduzir gradativamente o déficit primário", avaliou o Santander.
(Por Camila Moreira)