Investing.com — Os desafios econômicos da China são comparáveis às décadas perdidas do Japão, de acordo com o Macquarie, sugerindo que este não é o momento para “timidez” nas respostas políticas.
A discussão sobre as décadas perdidas do Japão ocorre há anos, segundo analistas do banco em nota, mas o fato inquestionável é que o país nunca se recuperou por completo e só recentemente começou a mostrar sinais tímidos de recuperação.
O banco afirma que os desafios enfrentados pela China são muito semelhantes aos do Japão — ambas as economias passaram por longos períodos de altas taxas de poupança sem políticas consistentes para estimular o consumo dessas poupanças.
A resposta em ambos os casos foi uma dependência excessiva de investimentos e exportações, o que resultou em excesso de capacidade produtiva, desinflação e queda nos retornos dos investimentos.
À medida que a desinflação se intensificou e os retornos diminuíram, empresas e famílias reduziram seus gastos, antecipando preços mais baixos e buscando aumentar suas reservas de riqueza e poupança.
Embora o sistema de conta de capital fechada e a moeda não conversível da China ofereçam maior margem de manobra para políticas, os problemas subjacentes e seus sintomas são semelhantes, e quanto mais tempo esses problemas persistirem, mais enraizados e difíceis de resolver eles se tornarão.
Assim como o Japão nos anos 1990, a China parece relutante em lidar seriamente com essas questões, acrescenta o banco. O corte de 20 pontos-base nas taxas de juros, a redução da reserva compulsória e outras medidas modestas provavelmente não serão suficientes: o problema não é o custo ou a oferta de dinheiro, mas sim a falta de demanda por crédito.
O Macquarie sugere que as autoridades chinesas devem buscar uma grande redução nos riscos do setor imobiliário, com apoio direto do Estado, equivalente a pelo menos 5% do PIB.
Além disso, o banco recomenda transferir uma parcela significativa das dívidas locais e das estatais para o governo central, colocando os governos locais em uma base de receita viável, além de aumentar e igualar a renda básica universal em toda a China.
“Infelizmente, hoje essas políticas são vistas como radicais demais. Timidez e procrastinação ainda predominam”, afirmou o banco. “Até que haja mudanças políticas muito mais profundas, acreditamos que as ações chinesas continuarão a apresentar oportunidades de negociação voláteis e pontuais, mas sem retornos consistentes.”