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Se pudesse ter uma 'varinha mágica' e trabalhar com juros baixos, seria feito, diz Campos Neto

Publicado 30.08.2024, 14:25
© Reuters. Se pudesse ter uma \'varinha mágica\' e trabalhar com juros baixos, seria feito, diz Campos Neto
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta sexta-feira que os juros reais no Brasil são altos, mas especialmente porque o juro real neutro do País é elevado. Ele destacou que o "esforço monetário" empreendido pelo BC - a diferença entre o juro real efetivo e o neutro - está em linha com o de outros países.

"Se pudesse ter uma varinha mágica e trabalhar com juros baixos, inflação baixa, crescimento pujante, desemprego baixo, obviamente que a gente faria", afirmou, em um evento da Associação Brasileira de Franchising, em São Paulo.

Campos Neto repetiu que o juro real brasileiro tem caído ao longo dos últimos anos, como resultado do amadurecimento institucional do BC, inclusive com a autonomia, e da aprovação de reformas econômicas. "Ao longo dos anos, a gente tem conseguido trabalhar com juros menores", disse.

O presidente do BC acrescentou que o País tem conseguido trabalhar com um desemprego mais baixo sem causar uma inflação grande na área de serviços, embora tenha reconhecido que há uma preocupação com esse tema.

Barra para BCs e governos resgatarem economia é alta

Campos Neto disse que a percepção no mundo é a de que a barra para Bancos Centrais e governos resgatarem a economia é alta. "Quando tem uma desaceleração na economia, a gente sabe que, em algum momento, o governo vem e resgata. Ou porque tem um programa fiscal, ou porque o Banco Central pode entrar comprando ativos", comentou.

Para ele, essa percepção se formou principalmente a partir de uma reunião feita em Sintra (Portugal) há alguns anos, de que os bancos centrais podem entrar e comprar crédito privado, como já entraram. "A gente aqui no Brasil resistiu a fazer isso, e foi bom. Mas vários outros bancos centrais fizeram isso", lembrou.

Campos Neto salientou que os governos também podem fazer gastos fiscais, mas o problema é que o mundo está muito endividado e, portanto, com menos espaço para fazer gasto fiscal. "Os bancos centrais perderam muito dinheiro com essa estratégia, então a barra é muito mais alta", considerou. Ele deu como exemplo o Banco Central da Suíça, que perdeu 17% do PIB comprando crédito privado. "Imagina se o Banco Central (do Brasil) tivesse comprado crédito privado e tivesse perdido 17% do PIB. Eu acho que ia ter sido bastante difícil para mim explicar uma coisa como essa", brincou.

Os instrumentos do governo hoje, no entanto, já não estão com a mesma potência que tinham no passado, segundo Campos Neto, para quem o problema principal é o endividamento mundial. "A gente vem com a dívida mundial subindo há algum tempo, e não tem nenhuma previsão de convergência de dívida em grande parte dos países", afirmou.

Citando o período da pandemia, o presidente do BC destacou que o gasto foi muito regressivo, com o mundo rico despendendo 20% do PIB; o mundo emergente, em geral, gastou 10% e o mundo mais pobre apenas 4%. "Então, a gente tem uma situação agora, exatamente onde os países mais de baixa renda têm mais necessidade de dinheiro, só que o dinheiro está mais caro, porque o juro subiu no mundo inteiro", comparou.

Campos Neto comentou ainda que dois terços da dívida mundial são dos Estados Unidos, Europa e Japão, e que ela custava 1% ao ano para carregamento antes da pandemia. "Agora, custa entre 3,5% e 4%. É como você multiplicar por 3,5 o custo de dois terços da dívida mundial", calculou, salientando que esse movimento acaba afetando a liquidez. "Os países mais pobres já estão enfrentando problemas, estão deixando a dívida ficar mais curta, porque está difícil rolar a dívida e o custo da dívida está subindo bastante", disse, salientando que, em conversas com representantes de países africanos, que têm o rating mais baixo, há relatos de que está difícil emitir dívida porque, com a taxa de juros americana mais alta e com a taxa mundial mais alta, ninguém quer tomar o risco.

Discurso de Powell em Jackson Hole

O presidente do Banco Central destacou ainda que o discurso de sua contraparte norte-americana, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), na semana passada foi "bastante otimista". Essa fala, de acordo com ele, é que fez com que o mercado acreditasse que a queda de juros em setembro pode ser até maior do que 25 pontos-base, dependendo dos dados. "A gente tem um dado de emprego importante entre hoje e o dia da reunião."

No evento organizado pela Associação Brasileira de Franchising, ele destacou que os Estados Unidos estão puxando um ciclo de queda, com uma percepção mais clara de que a economia do país está desacelerando e que a mão de obra está começando também a bater num ponto de inflexão e começando a ficar um pouco mais folgada.

Campos Neto voltou a chamar atenção para a eleição norte-americana, tanto do lado democrata quanto no do republicano, que conta com três dimensões muito inflacionárias. O primeiro ponto citado é o de que não tem em vista nenhum sinal de que vai ter algum tipo de ajuste fiscal. Isso é uma coisa preocupante, segundo ele, porque a dívida americana está subindo muito rápido. Do outro lado, mencionou o presidente do BC, há um tema de protecionismo que também é presente nas duas campanhas, com um grau de diferença especialmente em relação à China.

Já a terceira dimensão apresentada pelo banqueiro central é a parte de imigração, com uma política muito anti-imigração. "Foi feita uma simulação: se a gente deportasse 7 milhões e meio de pessoas, a inflação ia para 3%. Você tem um grande efeito inflacionário, lembrando que nesse período de mão de obra apertada, a imigração foi muito boa para conter esse aumento de custos", considerou.

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