Investing.com - Após o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir os juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano, nesta quarta-feira, 13, analistas fizeram ponderações sobre o comunicado emitido pelos membros do colegiado. Mais cedo, a grande dúvida era se já havia chegado a hora de mudança na orientação futura da autoridade monetária, também conhecido como "forward guidance”.
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No entanto, o que era uma dúvida, recebeu uma resposta direta no comunicado divulgado hoje. No documento, membros do Comitê reforçaram que "em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.".
De acordo com Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, o tom veio bem positivo com uma expectativa de mais reduções futuras, no plural e não no singular, o que anima o mercado.
"Para as decisões futuras, mais uma vez mencionam as expectativas de quanto aos dados de inflação futura, de acordo principalmente com a questão do movimento fiscal hoje no Brasil. Afirmam que a ancoragem das metas fiscais para as expectativas são necessárias para que a gente mantenha esse ritmo. E, no meu ponto de vista, veio uma ata bem prudente para o momento atual.", opinou o especialista.
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O analista André Perfeito acredita que o cenário permanece consistente com a desaceleração econômica antecipada, reforçando a visão de um processo desinflacionário mais lento."A percepção sobre a atividade econômica permanece estável entre os dois comunicados, destacando a consistência com as projeções de desaceleração", completa.
Já para o cenário inflacionário, o especialista afirma que mantém-se a trajetória de desinflação, com as projeções sugerindo uma convergência em linha com a estratégia para a meta de inflação. Além disso, ele acredita que " continuidade do processo de desinflação é reafirmada nos dois comunicados, indicando consistência na avaliação da inflação.".
João Savignon, Head de Pesquisa de macroeconomia da Kínitro Capital, vê com neutralidade o comunicado pós reunião, na medida em que confirmou os principais pontos esperados, como a sinalização do ritmo de corte de 50 bps para as próximas reuniões.
"Esse é o ritmo adequado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário e que a magnitude total do ciclo dependerá da dinâmica inflacionária, das expectativas de inflação (principalmente de longo prazo), do hiato do produto e do balanço de riscos.", avaliou.
Na visão do Banco Fator, o comunicado pouco difere do anterior. A referência à melhora do quadro mundial foi leve e preservou a qualificação de desafiador. Mas a incerteza parou de piorar.
"Em relação ao cenário doméstico, o comitê reconhece que há sinais de convergência dos núcleos de inflação para a meta, o que é inédito. E a inflação corrente não é mais incompatível com o cumprimento da meta de inflação, outra novidade", completou a instituição.
Em resumo, continua o banco, a reancoragem é apenas parcial e só avançará com avanços na área fiscal. Por ora, os especialistas da instituição acreditam que o adiamento das definições fiscais para março ou abril não impede o Copom de ir até 10,75%. "A Selic pode cair a 9,25% e ainda ficar acima da taxa neutra. Parece que é para onde vamos. Desde que as definições fiscais permitam levar a inflação esperada de 2025 para mais perto de 3,0%".