Investing.com – Economistas e analistas precificam novo corte de meio percentual na taxa de juros básica da economia brasileira nesta semana. A partir de amanhã, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) do Banco Central inicia reunião de dois dias para definir os rumos da Selic. A decisão será anunciada na noite de quarta-feira, 01º de novembro.
Rodolfo Margato, economista da XP (BVMF:XPBR31), concorda com o consenso e não espera mudança significativa na comunicação da autoridade monetária brasileira. “Prevemos sinais mistos. Devemos ter uma avaliação de surpresas baixistas nas últimas divulgações de IPCA, abertura mais benigna de inflação corrente, com uma queda consistente das medidas de núcleo, de serviços subjacentes”, destaca Margato. Segundo o economista, os últimos dados de atividade econômica confirmaram o processo de desaceleração da economia, o que deve contribuir para o recuo gradual da inflação.
Apesar de os resultados de atividade e inflação ajudarem o Banco Central, por outro lado, há o aumento das incertezas e tensões geopolíticas, que seguem como pontos de cautela, assim como a dinâmica das contas públicas, com possível alteração de metas fiscais temida pelo mercado.
"Houve ao longo das últimas semanas ampliação das incertezas no cenário internacional, o que deve ser destacado no comunicado, com a alta forte nas treasuries do mercado americano, com juros bastante pressionados nos EUA, notadamente os de longo prazo, o que impacta os ativos ao redor do mundo, principalmente de países emergentes, como o Brasil".
A XP espera sinalização de cortes de meio ponto na Selic nas próximas reuniões e projeta juros a 11,75% para final deste ano e 10% para ano que vem.
O último dado da prévia da inflação, com Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) em alta de 0,21% em outubro, indica uma tendência positiva, avalia Flávio Serrado, economista-chefe do Banco Bmg, que espera outra leitura baixa para o indicador de IPCA.
“Os últimos dados da prévia da inflação reforçam também a percepção de continuidade no ciclo de cortes da taxa básica de juros no curto prazo. Esperamos queda de 50bps para 12,25% na reunião que acontecerá semana que vem. Esperamos ainda um novo corte, da mesma magnitude, na reunião de dezembro, rendendo uma taxa Selic para 11,75% ao ano no final de 2023”.
Pedro Wilson, sócio da Nexgen Capital, também acredita que o ritmo de cortes deve continuar, “principalmente pela postura do BC em relação às atas das reuniões passadas, já há um discurso previamente estabelecido. O que poderia mudar isso seria inflação acima do esperado, mas o dado já veio mais controlado".
No entanto, Wilson afirma que, se o IPCA ficar fora da meta, os cortes podem perder um pouco do ritmo no ano que vem. “No primeiro semestre, pode haver manutenção de taxas para aguardar novos dados”. O especialista da Nexgen também menciona a preocupação com o fator externo e teme que o Brasil precise ter que revisar o ciclo de cortes se a tendência mundial for de maiores elevações nos juros para controlar a inflação.
Indicador de inflação e projeções
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,26% em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No ano, o indicador acumula elevação de 3,50% e, em doze meses finalizados em setembro, de 5,19%.
Último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, 30, mostra que os economistas consultados estimam inflação de 4,63% neste ano, enquanto o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25%. No entanto, há intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo e, assim, o teto da meta é de 4,75%. Para 2024, o Focus projeta IPCA a 3,90% e, para 2025, em 3,50%. A expectativa é de que a Selic termine o ano de 2023 em 11,75%, com a taxa de juros em queda para 9,25% em 2024 e para 8,75% em 2025.