Por Isabel Versiani e Rodrigo Viga Gaier
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) -Após impulsionar o crescimento do PIB no primeiro semestre, o volume de serviços do Brasil cresceu bem acima do esperado por analistas em julho, no terceiro mês seguido de avanço sobre o mês anterior que levou o setor a patamar 8,9% acima do nível pré-pandemia, mostraram números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
O desempenho no mês foi favorecido por serviços voltados à atividade empresarial e teve o impulso, ainda, das férias escolares, com estímulo à demanda por passagens e hospedagens, mesmo em cenário de inflação elevada.
O setor de serviços cresceu 1,1% em julho em relação a junho, na série com ajuste sazonal, e teve alta de 6,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de avanços de 0,5% na comparação mensal e de 5,8% na base anual.
Segundo o IBGE, os destaques do mês foram os setores de transportes, com alta de 2,3% sobre junho, e de informação e comunicação, que cresceu 1,1%. Os serviços prestados às famílias avançaram 0,6%.
Os dois outros grupos investigados --outros serviços e serviços profissionais, administrativos e complementares-- caíram 4,2% e 1,1%, respectivamente.
"Essa retomada de crescimento é bastante significativa e é ligada aos serviços voltados às empresas, como os de tecnologia da informação e o de transporte de cargas, que têm um crescimento expressivo e alcançam, em julho, os pontos mais altos das suas respectivas séries", afirmou em nota o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Ele destacou que a inflação elevada tem impactado o setor --o que é apontado por um crescimento das receitas nominais de serviços acima da expansão do volume na base anual-- sem ser um impeditivo ao crescimento dos serviços, que teve sua demanda fortemente reprimida durante a pandemia.
No acumulado do ano até julho, o volume de serviços cresce 8,5% frente a igual período de 2021. Em 12 meses, a alta é de 9,6% --em uma desaceleração sobre os 10,5% registrados em junho e os 12,8% de abril.
Lobo disse considerar "natural" a perda de ritmo. "É difícil ter dois anos seguidos de crescimento forte e espalhado", afirmou, ressaltando o desempenho expressivo do setor em 2021, com alta de quase 11%.
Com o resultado de julho, o setor de serviços está 8,9% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 1,8% abaixo do seu nível histórico mais alto, atingido em novembro de 2014, disse o IBGE.
A inflação ao consumidor acumulou alta de 8,73% nos 12 meses até agosto, bem acima da meta de 3,50% do Banco Central para 2022.
O setor de serviços foi um dos principais impulsionadores do Produto Interno Bruto no segundo trimestre do ano, quando a economia como um todo cresceu 1,2% sobre os três meses anteriores, com alta de 1,3% dos serviços.
Na quarta-feira, o IBGE divulgará dados sobre as vendas no varejo de julho.
(Por Isabel Versiani; edição de Luana Maria Benedito)