Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -O volume de serviços no Brasil iniciou o terceiro trimestre com alta em julho, marcando o terceiro mês seguido de crescimento, ajudado principalmente por transportes.
Em julho, o setor registrou avanço de 0,5% na comparação com junho, resultado que ficou ligeiramente acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,4%.
Com isso, os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira mostram que o setor teve desempenho positivo em cinco dos sete primeiros meses do ano, acumulando nos últimos três ganho de 2,2%.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o volume de serviços registrou alta de 3,5%, contra expectativa de economistas de 3,6%.
Assim, o setor de serviços operava em julho 12,8% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 0,9% abaixo do maior nível da série histórica, alcançado em dezembro do ano passado.
"Em 2023, os serviços vêm mês a mês com resultados muito próximos ao ponto mais alto da série", disse o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O IBGE destacou no mês o desempenho do setor de transportes, que cresceu 0,6% e se recuperou da queda de 0,4% vista em junho, O resultado deveu-se principalmente à expansão de 1,4% do transporte de cargas, terceira taxa positiva seguida para atingir novamente o ponto mais alto da sua série histórica.
“(O transporte de) cargas tem sido impulsionado por safra recorde de grãos, que precisa de escoamento. Houve ainda desde a pandemia uma migração de compras em lojas físicas para plataformas online”, explicou Lobo, destacando a demanda por insumos, fertilizantes e escoamento da produção agrícola.
Outras duas das cinco atividades pesquisadas registraram crescimento em julho --serviços prestados às famílias, de 1,0%; e outros serviços, de 0,3%.
Entretanto, o setor de serviços prestados às famílias segue sendo o único que ainda não superou o patamar pré-pandemia, operando em julho 1,7% abaixo do nível de fevereiro de 2020.
As duas atividades que tiveram resultados negativos em julho foram os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) e informação e comunicação (-0,2%), de acordo com o IBGE.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, avançou 0,7% em julho depois de recuar 0,1% no mês anterior, e está 6,2% acima do patamar pré-pandemia e 1,4% abaixo de seu maior nível, de fevereiro de 2014.
Apesar do início da flexibilização monetária pelo Banco Central, os juros no país ainda são elevados e encarecem o crédito. Esse cenário, no entanto, é compensado por um mercado de trabalho resiliente, o que pode deixar os resultados do setor de serviços com pouca variação à frente, enquanto a inflação de serviços segue sendo um ponto de atenção.
"A dúvida pertinente é sobre a extensão do crescimento do setor de serviços e o seu legado inflacionário. Olhando à frente, a sua desaceleração parece certa, mas a grande incerteza reside no seu momento e na sua intensidade", avaliou a equipe do PicPay em nota, prevendo bom desempenho do setor no segundo semestre.
(Edição de Luana Maria Benedito e Pedro Fonseca)