Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O setor de serviços brasileiro registrou o sexto mês seguido de ganhos no volume em novembro, mas caminhou para o final de 2020 ainda sem conseguir retornar aos níveis pré-pandemia, depois de ter sido o mais afetado pelas medidas de isolamento contra o coronavírus.
O volume de serviços cresceu em novembro 2,6% em relação ao mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do sexto mês consecutivo de ganhos, acumulando alta de 19,2%, o setor de serviços brasileiros se aproximou do fim de 2020 ainda sem conseguir recuperar as perdas de 19,6% registradas entre fevereiro e maio, período que abrange o pico da pandemia.
Na comparação com novembro de 2019, houve queda de 4,8% no volume de serviços no Brasil, e o setor acumula ainda entre janeiro e novembro perdas de 8,3% frente a igual período de 2019.
Os resultados, entretanto, foram melhores do que as expectativas em pesquisa da Reuters, de alta de 1,2% na comparação mensal e de recuo de 6,2% na base anual.
O setor de serviços, que ainda se encontra 3,2% abaixo do patamar de fevereiro, é o que mais apresenta dificuldades de reação das perdas provocadas pela Covid-19, já que é o que mais depende do contato presencial.
"Atividades como restaurantes, hotéis, serviços prestados à família de uma maneira geral e transporte de passageiros – seja o aéreo, o rodoviário e ou o metroviário - até mostraram melhoras, mas a necessidade de isolamento social ainda não permitiu o setor voltar ao patamar pré-pandemia”, explicou gerente da pesquisa no IBGE, Rodrigo Lobo.
O mês de novembro teve aumentos no volume de todas as cinco atividades pesquisadas na comparação com o mês anterior.
"Embora o setor permaneça frágil devido à pandemia, nosso índice de difusão mostra que mais de 80% dele vem se recuperando em um ritmo significativo nos últimos seis meses - um número que vem crescendo lentamente nos últimos meses como reflexo da reabertura gradual da economia", avaliou a economista da XP Lisandra Barbero, calculando contração de 8,0% do volume de serviços em 2020.
Os destaques foram as altas de 2,4% dos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio e de 8,2% de serviços prestados às famílias. Ambas foram as mais afetadas pela pandemia.
Segundo o IBGE, a atividade de transportes cresceu em novembro pelo sétimo mês seguido e acumula ganho de 26,7% entre maio e novembro, mas ainda precisa avançar 5,4% para atingir o nível de fevereiro, que antecedeu a implementação das medidas sanitárias para conter a Covid-19.
Já os serviços prestados às famílias têm alta de 98,8% nos últimos sete meses, mas ainda precisam crescer 34,2% para retornar ao patamar de fevereiro.
Somente os serviços de informação e comunicação e outros serviços já superaram o nível de fevereiro, diante dos bons desempenhos dos segmentos de tecnologia da informação e dos serviços financeiros auxiliares, respectivamente.
"Esperamos que alguns do seviços mais impactados se recuperem conforme a vacinação em massa avance. No curto prazo, a recente aceleração nos novos casos do vírus, aceleração da inflação e retirada de alguns dos generosos programas de transferências fiscais podem moderar o ímpeto por trás da recuperação do setor de serviços", avaliou Alberto Ramos, diretor de pesquisas econômicas para a América Latina no Goldman Sachs.