Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O setor de serviços brasileiro registrou queda inesperada no volume em setembro, após cinco meses de crescimento, pressionado pela maior queda em transportes em quase 20 meses diante principalmente do aumento das passagens aéreas.
O volume de serviços teve em setembro recuo de 0,6% em relação ao mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
O número contrariou a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,5%, e ainda interrompeu cinco altas mensais seguidas, quando acumulou ganho de 6,2%.
Apesar das perdas inesperadas em setembro, o setor ainda encerrou o terceiro trimestre com ganho de 3% na comparação com os três meses anteriores, e está 3,7% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
Em relação a setembro de 2020 houve alta de 11,4%, contra expectativa de avanço de 13,5%%.
Os serviços vêm se recuperando no Brasil depois do baque provocado pelas medidas de restrição ao coronavírus, que impactaram principalmente os negócios que exigem contato pessoal.
Embora o avanço da vacinação tenha permitido a reabertura da economia em geral, o cenário de desemprego e inflação elevadas, principalmente com preços mais caros da energia, ainda pesam sobre o cenário.
Em setembro houve perdas generalizadas, sendo que a atividade de transportes exerceu o maior peso ao registrar queda de 1,9% sobre o mês anterior, a mais acentuada desde abril do ano passado (-19,0%).
De acordo com o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, esse resultado decorre das quedas no transporte aéreo de passageiros, devido à alta de 28,19% no preço das passagens aéreas, no transporte rodoviário de cargas e também no ferroviário de cargas.
Também apresentaram recuo no mês outros serviços (-4,7%), informação e comunicação (-0,9%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%).
“A queda do setor de serviços se deu de maneira relativamente disseminada", disse Lobo. "A inflação aparece de forma mais indireta aqui, mas agora ficou mais clara nas passagens aéreas."
Somente os serviços prestados às famílias apresentaram alta, de 1,3%, marcando a sexta taxa positiva consecutiva. No entanto, ainda assim estão 16,2% abaixo do patamar pré-pandemia.
“Esses são justamente os serviços que mais sofreram com os efeitos econômicos da pandemia e têm mostrado algum tipo de fôlego, de crescimento. Com o avanço da vacinação e a flexibilização das atividades econômicas, as pessoas voltam a consumir com maior intensidade serviços de alojamento e alimentação”, explicou Lobo.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, avançou 0,8% na comparação com agosto, quinta taxa positiva consecutiva, acumulando no período ganho de 49,9%. Ainda assim, o segmento de turismo ainda está 20,4% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado.