Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O volume de serviços no Brasil voltou a recuar em agosto pressionado pelo setor de transportes, no ritmo mais fraco para o mês em dois anos e destacando a dificuldade de recuperação do setor.
No mês, o setor de serviços apresentou recuo de 0,2% na comparação com julho, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse foi o quinto resultado negativo no ano na comparação mensal, e o mais fraco para o mês de agosto desde 2017, quando houve queda de 0,8%.
Em julho, o volume do setor iniciou o terceiro trimestre com alta de 0,7%, em dado revisado pelo IBGE após informar anteriormente avanço de 0,8%.
"O setor de serviços mantém uma clara dificuldade de reagir e isso pode ser visto pela instabilidade do setor, que ora cresce, ora cai", avaliou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
"Essa instabilidade do setor de serviços é compatível com o nível e com o ritmo de crescimento da economia brasileira, que reage de forma lenta e gradual”, completou.
Na comparação com agosto de 2018, houve perda de 1,4%.
Ambos os resultados foram mais fracos do que as expectativas em pesquisa da Reuters, de quedas de 0,1% na comparação mensal e de 1,0% na base anual.
O IBGE informou na pesquisa que três das cinco atividades avaliadas tiveram queda. O destaque ficou para o setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, cujo volume caiu 0,9% e eliminou o ganho de 0,8% acumulado entre junho e julho.
As outras quedas foram registadas por outros serviços, de 2,7%; e serviços prestados às famílias, de 1,7%.
Por outro lado, os serviços de informação e comunicação subiram 0,4% e os profissionais, administrativos e complementares ganharam 0,5%.
A economia brasileira vem mostrando dificuldades em avançar, com a indústria patinando, o que afeta a atividade de serviços de forma geral. Apesar da inflação e juros baixos, o cenário no país ainda é de desemprego elevado.
"Para mexer com o setor de serviços é preciso um crescimento mais formal do emprego e um aumento da renda para gerar mais serviços prestados às famílias, mais demanda por serviços e mais circulação de mercadorias", completou Lobo.