SÃO PAULO (Reuters) - A retração do setor de serviços no Brasil se intensificou em dezembro, com a contração econômica reduzindo ainda mais os novos negócios e aprofundando o corte de postos de trabalho, mostrou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) nesta quarta-feira.
O Markit informou que o PMI de serviços brasileiro caiu a 43,5 em dezembro, ante 45,5 em novembro, permanecendo abaixo da marca de 50 que separa crescimento de retração da atividade. Em 2015, o indicador ficou acima de 50 apenas em fevereiro, e a pior leitura foi registrada em julho, quando ficou em 39,1.
Todos os seis subsetores monitorados registraram nível menor na atividade em dezembro, tendência que tem se repetido ao longo dos últimos oito meses. As taxas de declínio mais acentuadas foram verificadas nas categorias "outros serviços", "aluguéis e atividades de negócios" e "correios e telecomunicações".
A queda no setor de serviços pesou e contribuiu para aprofundar a retração no PMI Composto em dezembro, que foi a 43,9 ante 44,5 em novembro, apesar da redução do ritmo de queda do setor industrial.
"A economia do Brasil manteve-se em queda livre no último mês de 2015, pressionada por uma desaceleração mais acentuada da atividade de serviços. Igualmente preocupante, o mercado de trabalho continuou a despencar, como as empresas operando no que é considerada a pior situação econômica desde a Grande Depressão", disse a economista do Markit Pollyana de Lima.
Em meio a dificuldades políticas do governo da presidente Dilma Rousseff, a economista não acredita em uma melhora no curto prazo.
"Como as políticas econômicas não devem ser parte da agenda do governo no curto prazo, os prospectos para qualquer melhora nos próximos meses permanecem nebulosos."
O volume de novos negócios voltou a cair em dezembro, ampliando a sequência de contração para dez meses, a mais longa da pesquisa feita pelo Markit.
Com a escassez de novos negócios e a busca por contenção de custos, as empresas do setor de serviços voltaram a cortar o número de funcionários em dezembro. A taxa de redução de empregos foi a mais acentuada desde o início da pesquisa, em março de 2007.
Os custos dos insumos subiram no mês passado, com os entrevistados associando os aumentos mais recentes aos impostos mais altos e à valorização do dólar frente ao real como motivos para a alta. A inflação de custos acelerou e ficou bem mais alta do que a média de longo prazo para as séries.
Apesar do quadro geral ruim no último mês de 2015, o grau de otimismo dos prestadores de serviços no Brasil melhorou, com quase 27 por cento dos entrevistados indicando que a atividade deve expandir durante 2016.
O sentimento positivo foi atribuído a expectativas de uma recuperação econômica. Por subsetor, a categoria "outros serviços" mostrou-se a mais otimista em relação às perspectivas para os próximos 12 meses.
A expectativa do mercado é que a economia do país tenha encolhido 3,71 por cento em 2015 e o ritmo de retração diminua para 2,95 por cento em 2016, segundo a mais recente pesquisa Focus, do Banco Central.
(Por Flavia Bohone)