BRASÍLIA (Reuters) - O setor público consolidado brasileiro registrou déficit primário de 19,552 bilhões de reais em junho, pior resultado histórico para o mês, ressaltando as dificuldades para o cumprimento da meta fiscal deste ano. Em pesquisa Reuters, analistas estimavam déficit de 19,25 bilhões de reais.
O dado foi causado pelo rombo de 19,937 bilhões de reais do governo central (governo federal, BC e Previdência), impactado no mês pelo aumento das despesas, com destaque para o pagamento antecipado de precatórios.
Em contrapartida, os governos regionais (Estados e municípios) ficaram no azul em 240 milhões de reais, enquanto empresas estatais tiveram um superávit de 145 milhões de reais.
No acumulado do primeiro semestre, o rombo foi de 35,183 bilhões de reais, maior que o de 23,776 bilhões de reais de igual período de 2016. Em 12 meses, foi a 167,198 bilhões de reais, equivalente a 2,62 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Para o ano, a meta para o setor público é de um déficit menor, de 143,1 bilhões de reais, que inclui rombo de 139 bilhões de reais do governo central, de 3 bilhões de estatais federais e de 1,1 bilhão de reais de Estados e municípios.
A viabilidade da meta tem sido questionada diante da fraqueza na arrecadação que persiste, tendo como pano de fundo uma recuperação econômica ainda incipiente. Para cumpri-la, o governo também conta com um alto volume de receitas extraordinárias, em relação às quais a própria equipe econômica admite haver incertezas de realização.
Este será o quarto resultado negativo consecutivo do país, ressaltando os desafios para a retomada do reequilíbrio fiscal.
Para tentar assegurar a meta, o governo do presidente Michel Temer elevou fortemente na semana passada a alíquota de PIS/Cofins sobre combustíveis e anunciou um congelamento adicional nas despesas discricionárias, levando o contingenciamento na máquina pública a 44,9 bilhões de reais no ano.
Num reflexo da trajetória de deterioração das contas públicas, a dívida líquida subiu a 48,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em junho, contra projeção de analistas de 48,5 por cento e um patamar de 48,1 por cento em maio.
Já a dívida bruta avançou a 73,1 por cento do PIB, ante 72,5 por cento no mês anterior.
(Por Marcela Ayres)