Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas do setor supermercadista do Brasil devem ser melhores no primeiro trimestre de 2017 sobre o mesmo período deste ano, ainda que no ano o resultado deva apresentar estabilidade, informou a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), nesta quarta-feira.
"Não prevemos redução (nas vendas), mas também não acreditamos em forte crescimento enquanto não se retomar investimentos, renda e consumo", disse João Sanzovo Neto, primeiro vice-presidente da Abras e presidente eleito para 2017 e 2018.
Para o consultor de Economia da Abras, Flávio Tayra, o setor tende a entregar resultados melhores no primeiro trimestre de 2017 em função da base fraca de comparação dada por janeiro a março deste ano.
"O primeiro trimestre de 2016 foi muito ruim, então espera-se recuperação (em 2017)", disse Tayra. Para janeiro, a expectativa é de que os supermercados revertam o declínio de 3,38 por cento das vendas no primeiro mês de 2016, disse ele.
No acumulado de janeiro a outubro de 2016, as vendas de supermercados subiram 1,16 por cento em relação ao mesmo intervalo de 2015. "O que podemos afirmar em relação a esses números é que existe uma estabilidade nas vendas nesse segundo semestre", disse Sanzovo Neto. “Não é numero bom, mas também não vai piorar”, afirmou.
Só em outubro, as vendas do setor aumentaram 0,71 por cento ante igual mês de 2015, já descontada a inflação. Na comparação com setembro, a alta foi de 4,78 por cento.
PREÇOS
O índice de preços de uma cesta de 35 produtos calculado pela GFK Brazil em parceria com a Abras subiu 16,02 por cento em outubro na comparação anual e 0,18 por cento sobre setembro, para 484,67 reais. Segundo a associação, as maiores altas foram registradas em itens como carne traseiro, cerveja, batata e sabonete. Por outro lado, leite longa vida, cebola, feijão e ovo foram os que tiveram a maior desvalorização no mês.
O levantamento mostrou que a alta de preços foi mais acentuada na região Nordeste, onde a cesta de produtos atingiu 467,36 reais em outubro, elevação de 0,51 por cento sobre setembro. Houve variação positiva de 0,4 por cento no Centro-Oeste, 0,29 por cento no Norte e 0,14 por cento no Sul. Apenas no Sudeste, o índice caiu 0,42 por cento na comparação mensal.
Para 2017, a Abras vê uma tendência de desaceleração dos preços, uma vez que demanda já está bastante reprimida e não se espera quebra na produção de alimentos. "A economia como um todo ainda está em recessão, o desemprego está alta e a renda pressionada. Sem renda, o consumo é reduzido", afirmou Sanzovo.