SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil teve lucro líquido maior no terceiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado, mas o resultado veio abaixo da média de projeções do mercado e a instituição reduziu a perspectiva para o crescimento de sua carteira de crédito em 2014.
A maior instituição financeira do Brasil teve lucro líquido de 2,78 bilhões de reais entre julho e setembro, alta de 2,8 por cento sobre o resultado obtido em 2013, mas recuo de 1,7 por cento sobre o segundo trimestre deste ano.
Excluindo efeitos não recorrentes, o lucro foi de 2,885 bilhões de reais. A previsão média de analistas consultados pela Reuters apontava para um resultado recorrente de 3,014 bilhões de reais.
O crescimento no lucro na comparação anual ocorreu apesar de um incremento de 16,9 por cento na provisão para perdas com crédito, a 4,571 bilhões de reais, montante que ficou praticamente estável ante o segundo trimestre deste ano.
A reserva maior veio junto com crescimento da inadimplência no banco, com base em operações vencidas há mais de 90 dias, cujo índice passou de 1,97 por cento no terceiro trimestre de 2013 para 2,09 por cento no período de julho a setembro deste ano. No segundo trimestre, a taxa foi de 1,99 por cento.
Além disso, um dos indicadores de inadimplência futura, o de operações vencidas há mais de 60 dias, também cresceu, passando de 2,36 por cento no terceiro trimestre do ano passado para 2,47 por cento no final de setembro deste ano, após 2,37 por cento no segundo trimestre.
No fim de setembro, a carteira de crédito ampliada do BB somava 732,719 bilhões de reais, um avanço de 12,3 por cento em 12 meses.
Como comparação, o estoque de empréstimos do Itaú Unibanco teve avanço anual de 10,2 por cento no terceiro trimestre, o do Santander Brasil cresceu 5,6 por cento e o do Bradesco teve incremento de 7,7 por cento, informaram os bancos.
Após o desempenho e aumento da inadimplência, o banco resolveu cortar a projeção de crescimento da carteira de crédito ampliada no país neste ano para 12 a 16 por cento ante expectativa anterior de alta de 14 a 18 por cento.
Segundo o BB, a revisão na estimativa para o comportamento dos financiamentos este ano ocorreu com corte nas projeções de expansão no crédito para pessoa física, que passou a 8 a 12 por cento contra 12 a 16 por cento, e também para pessoa jurídica, para faixa de 12 a 16 por cento contra 14 a 18 por cento. Para o agronegócio também houve corte na previsão, que caiu de 18 a 22 por cento para 16 a 20 por cento.
Os destaques de expansão da carteira do BB no terceiro trimestre foram as linhas de financiamento imobiliário (alta de 63,2 por cento sobre setembro de 2013) e agronegócio (expansão anual de 21,2 por cento).
Na ponta contrária, os empréstimos para aquisição de veículos recuaram 6,3 por cento na comparação anual, enquanto o cheque especial teve queda de 6 por cento e o CDC Salário mostrou declínio de 2,3 por cento na base anual.
As receitas com prestação de serviços somaram 4,645 bilhões de reais no terceiro trimestre, alta anual de 11,2 por cento e de 2 por cento na comparação trimestral. Já as rendas de tarifas bancárias cresceram 4,7 no ano a ano e 6,3 por cento na base sequencial, para 1,718 bilhão de reais.
Enquanto isso, as despesas com pessoal subiram 11,4 por cento em relação ao terceiro trimestre de 2013, para 4,63 bilhões de reais.
O Banco do Brasil teve rentabilidade sobre patrimônio líquido médio, indicador que mede como os bancos remuneram o capital de seus acionistas, de 15,5 por cento no terceiro trimestre ante 16,1 por cento no segundo trimestre e 16,3 por cento entre julho e setembro de 2013.
Em termos ajustados, a rentabilidade nos três meses encerrados em setembro foi de 16,1 por cento após 17,1 por cento no trimestre imediatamente anterior e 15,7 por cento um ano antes.
A instituição terminou o terceiro trimestre com 111.904 funcionários ante 112.653 no resultado divulgado em igual etapa de 2013. Enquanto isso, a rede de atendimento subiu para 69.036 pontos ante 65.269 no terceiro trimestre do ano passado.
O BB registrou ao final de setembro ativos totais de 1,431 trilhão de reais, expansão anual de 13,7 por cento.
(Por Alberto Alerigi Jr., edição de Marcela Ayres)