Por Andrew Osborn
LONDRES (Reuters) - O governo britânico iniciou uma transferência de poderes histórica para a Escócia nesta quinta-feira, mantendo a promessa que fez para convencer os escoceses a rejeitarem a independência em um momento no qual o apoio aos nacionalistas se renova e cresce.
O rascunho do projeto de lei, que entrará em vigor após a eleição geral de maio, irá desmantelar ainda mais o fortemente centralizado sistema de governo britânico, uma mudança que críticos temem poder desencadear o início do fim da união da Grã-Bretanha.
A decisão já levou alguns políticos a exigirem medidas semelhantes na Inglaterra, no País de Gales e na Irlanda do Norte, despertando incertezas políticas e insinuando uma eventual redistribuição de poderes na sexta maior economia do mundo.
De acordo com a lei, a Escócia, que descartou a independência plena em um referendo em setembro passado, poderá decidir suas taxas de imposto de renda, ter alguma influência nos gastos com o sistema de bem estar social e exercer autoridade para decidir como o Parlamento escocês e outras estruturas são eleitos e administrados.
"Os líderes dos principais partidos políticos e eu prometemos novos poderes amplos para o Parlamento escocês – um compromisso – com um processo e um cronograma claros", disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron, em comunicado.
"E agora, aqui está: novos poderes para a Escócia, feitos para durar, garantindo nosso futuro de união."
As principais siglas da Grã-Bretanha concordaram em aprovar a legislação, independentemente de quem sairá vitorioso da próxima eleição.
O Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês), que é pró-independência, acolheu o anúncio da lei, mas reclamou que ela não foi longe o suficiente e ainda deixou o governo britânico com poder demais na Escócia.