Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - A combinação de medidas de bloqueio menos restritas do que em outros países, um forte acesso à economia chinesa e grandes estímulos fiscais colocaram o Brasil em uma posição vantajosa em relação aos demais países emergentes, fazendo com que a S&P Global estime crescimento do PIB de -5,8% em 2020, 3,5% em 2021 e 3% em 2022. As previsões para a economia do Brasil foram algumas das poucas entre os países emergentes e as únicas da América Latina a serem revisadas para cima.
Além disso, o PMI industrial do Brasil é o de recuperação mais forte entre todos os emergentes, disse a S&P Global durante conferência nesta quarta-feira (7)
A perspectiva da companhia para o Brasil é estável, com rating de BB-, mesmo com os debates em relação à manutenção do teto de gastos - que, segundo a S&P Global, estão sendo observados com atenção. Espera-se também que a dívida pública aumente não só para o Brasil, mas para todos os países emergentes.
Economia mundial e emergentes
Em linhas gerais, o crescimento global está em linha com as expectativas da empresa. As grandes diferenças de impacto entre os países emergentes se dão sobretudo pela força das medidas de bloqueio para combate à Covid-19, pelos estímulos fiscais e por características estruturais da economia - aquelas com maior exposição a serviços e turismo sofreram mais, por exemplo.
Além do impacto, a recuperação também está se dando de maneira muito desigual. Países como o Brasil e a Polônia, que ofeceram grandes pacotes de estímulo fiscal, estão se recuperando mais rapidamente. Com o fim dos estímulos, a expectativa é que essa recuperação desacelere um pouco.
A expectativa da S&P Global é que a recuperação continue em todos os países emergentes, ainda que de maneira lenta, mesmo aqueles em que a Covid-19 segue tendo grande impacto, pois as pessoas estão se adaptando à situação. Para todos os países emergentes (exceto a China), a previsão é de uma queda de 6,4% no PIB médio em 2020 e um crescimento de 6,2% em 2021. O cenário-base da empresa considera a chegada da vacina para o coronavírus no meio do ano que vem - uma chegada antecipada significa uma possibilidade de upside.
Os maiores riscos à recuperação econômica dos países emergentes são a persistência do surto de Covid-19 e de erros de política; a alta da dívida aumentando a vulnerabilidade econômica; os desentendimentos entre China e EUA; perturbações sociais causadas pela desigualdade crescente; e condições financeiras voláteis que podem limitar o acesso ao mercado.