A indicação de que várias autoridades do Federal Reserve apoiariam um corte de juros em setembro, contida na ata da reunião de política monetária ocorrida no final de julho, acentuou as perdas dos juros dos Treasuries e provocou a queda das taxas da maioria dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI). Antes disso, a curva brasileira operava parcialmente descolada da americana, com queda das taxas apenas na ponta curta, em movimento que refletia o ajuste das apostas sobre a trajetória da Selic nos próximos meses.
O Federal Reserve afirmou na ata da reunião mais recente que "a vasta maioria" dos integrantes do comitê de política monetária consideraria apropriado baixar os juros nos Estados Unidos no mês que vem se os próximos indicadores econômicos correspondessem às expectativas do comitê.
Os juros dos Treasuries aprofundaram as perdas logo após a divulgação, com a T-note de 10 anos alcançando a mínima da sessão, de 3,761%. A taxa de DI para janeiro de 2026 aprofundou as perdas, e a de janeiro de 2029, que operava em alta, recuou 5 pontos-base nos minutos seguintes à publicação da ata, e passaram a cair. No fim da tarde, porém, as taxas longas voltavam a mostrar viés de alta.
Antes da ata do Fed, as taxas dos contratos de DI com vencimento mais próximo já caíam por outros fatores. Felipe Sichel, economista-chefe da Porto Asset, mencionou tanto a notícia de que o governo dos Estados Unidos pode ter superestimado a criação de empregos quanto a calibragem das perspectivas para a Selic como fatores que pesavam sobre as taxas.
"Teve um fechamento de taxa bastante significativo nos Estados Unidos, principalmente na parte curta, o que naturalmente acaba impactando aqui. Domesticamente, está digerindo o fluxo de informação mais recente vindo de integrantes do Copom. Tanto de discursos na semana passada, um pouco mais duros, que levaram à precificação mais intensa para esse possível ciclo de retomada da alta da Selic, como desde ontem, com um pouco de desmonte disso", avaliou.
Rafael Agra, sócio e líder na mesa de Renda Fixa na KAT Investimentos, aponta que o mercado chegou a embutir na curva de DIs a possibilidade de a Selic chegar a 11,75% até o final do ano. "Agora tirou um pouco da inclinação, mas ainda assim tem bastante prêmio" na ponta curta, afirmou.
No fechamento, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 recuava a 11,450%, de 11,538% no ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 caía a 11,430%, de 11,456%. A taxa para janeiro de 2028 operava a 11,470%, de 11,463%, e a do contrato para janeiro de 2029 estava em 11,500%, de 11,484%.