O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou nesta quinta-feira, 20, que a trajetória de juros dependerá de dados, durante painel de perguntas e respostas na convenção da Associação de Banqueiros de Michigan. Kashkari prevê que a inflação demorará mais tempo para retornar à 2%, estimando um período entre um a dois anos.
"Mas estou confiante", pontuou o dirigente. "Fundamentos agora são muito bons, melhores do que em outras economias do mundo."
Na visão dele, a atividade econômica dos EUA tem sido "notavelmente resiliente", ao mesmo tempo em que ocorre o processo de desinflação.
Kashkari aponta que outras economias desenvolvidas também passam por um processo de desinflação, contudo, esta redução nos preços é acompanhada por crescimento fraco, como Europa e Canadá.
"Não apenas a recessão não veio, mas tivemos crescimento forte no fim de 2023 e acredito que isso deve continuar", projeta o membro do Fed.
Efeitos na demanda e nas pressões inflacionárias
Neel Kashkari defendeu que o nível elevado dos juros norte-americanos ajudaram a reduzir a demanda e boa parte das pressões inflacionárias. No entanto, ele demonstrou cautela ao reiterar dependência de dados para definir a trajetória e ao apontar alguns riscos.
Entre eles, Kashkari destacou que o desempenho da economia continua surpreendendo e traz desafios para ajustes da política monetária.
O dirigente apontou que a resiliência do mercado de trabalho, com taxa de desemprego ainda baixa e avanço salarial robusto.
Outro problema está na inflação de habitação, segundo ele. Kashkari comentou que a política monetária restritiva está ajudando a reduzir a demanda, mas que a normalização da oferta só deve ser alcançada no médio prazo e que isso é "essencial" para ajudar a baixar preços de modo geral.
O presidente da distrital de Minneapolis reforçou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) está focado nos dois lados do mandato e busca alcançar a inflação em 2% sem prejudicar o desempenho econômico. Kashkari não vota nas decisões monetárias do FOMC em 2024.