TRÍPOLI (Reuters) - Primeiro, um único tiro. Depois, combatentes líbios esvaziam seus canhões antiaéreos enquanto os outros se agacham para se proteger no Aeroporto Internacional de Trípoli, na Líbia.
Até sábado à noite, o aeroporto era um ponto de encontro entre líbios chegando em casa para o mês do jejum e outros deixando o país em férias. Agora, o principal aeroporto da Líbia se transformou em um campo de batalha entre milícias rivais, um sinal de anarquia na nação produtora de petróleo.
O frágil governo, com seu Exército praticamente inexistente, está apelando para a calma, mas os combatentes de ambos os lados não mostram sinais de que vão recuar, nos piores confrontos de milícias na capital desde novembro.
Milicianos da região noroeste de Zintan estão prontos para defender o aeroporto que têm protegido na ausência de forças estatais desde que ajudaram a tomar Trípoli, em agosto de 2011, quando o regime de Muammar Gaddafi caiu.
"O outro lado, infelizmente, decidiu usar a linguagem da arma", disse o chefe do conselho da cidade de Zintan, Mohammed Ramadan, que compõe a maior parte dos combatentes.
O outro lado, acusado pelo governo de atacar a área do aeroporto, no domingo, é composta por milícias, principalmente da cidade costeira de Misrata, rivais daqueles de Zintan. O país do norte africano ainda está dividido por grupos regionais e tribais.
Ambas milícias rivais dizem que combatem em prol da estabilidade e se acusam de abandonar os ideais da revolução que acabou com a ditadura de Gaddafi.
Durante o levante apoiado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os dois grupos deixaram as suas diferenças de lado, mas agora disputam o controle de Trípoli. O aeroporto 30 quilômetros ao sul da capital é o maior troféu.
(Reportagem de Ulf Laessing)