Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar trabalhava com leves oscilações ante o real nesta quarta-feira, com os investidores ainda trabalhando com a expectativa de que a reforma da Previdência será aprovada mesmo após diversos ministros do governo do presidente Michel Temer e importantes parlamentares da base se tornarem alvo de inquéritos no âmbito da Lava Jato.
No entanto, havia no mercado opiniões de que a volatilidade pode afetar os mercados financeiros neste pregão.
Às 11:06, o dólar tinha queda de 0,24 por cento, a 3,1406 reais, depois de fechar a véspera em alta de 0,29 por cento. O dólar futuro tinha leve elevação de 0,03 por cento.
"O mercado parece acreditar que esse ruído político não vai progredir, não vai atrapalhar as reformas", afirmou o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
O relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, autorizou a abertura de 76 inquéritos contra parlamentares, ministros de Estado e outras autoridades a partir das delações feitas por executivos da Odebrecht. A lista inclui oito ministros de Temer, entre eles Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia).
A reforma da Previdência é tida pelo governo como a principal medida para colocar a economia em ordem e tem negociado fortemente com o Congresso Nacional para tirá-la do papel.
Alguns operadores do mercado destacaram, no entanto, que os investidores ainda avaliavam com mais cuidado quais serão os efeitos práticos dessa lista e que, por isso, a volatilidade pode surgir.
"A lista atingiu políticos de diversos partidos. Acredito que abre uma brecha para o governo conseguir aprovar as reformas, já que enfraquece os ataques de opositores citados", avaliou o economista da Infinity, Jason Vieira.
A relativa tranquilidade dos negócios nesta sessão tinha a contribuição do recuo do dólar ante divisas de países emergentes no exterior, em dia de menor tensão com a cena geopolítica.
O Banco Central brasileiro não anunciou intervenção no mercado de câmbio para esta sessão, por ora. Em maio, vencem 6,389 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares.