Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Depois de ter caído quase 12% no primeiro semestre, o PIB do Brasil deve ter queda de 4,5% em 2020 e alta de 3% em 2021, segundo as projeções do UBS-BB em relatório distribuído nesta quinta-feira (22). Isso significa que o fim das medidas de auxílio emergencial devem ter impacto limitado no crescimento da economia, embora possa causar uma queda temporária do PIB de 1% no primeiro trimestre do ano em comparação aos três últimos meses de 2020.
Na visão do banco, término do coronavoucher em dezembro deste ano irá melhorar o cenário fiscal. Além disso, o nível relativamente baixo de créditos não produtivos em meio ao alto índice de desemprego indicam que as pessoas foram capazes de economizar mais, o que pode diminuir a intensidade da queda do PIB depois que o programa for extinto.
O banco espera que o PIB cresça pelo menos 8% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores, e 2,5% no 4T.
Na visão do banco, os programas de assistência social, especialmente o auxílio emergencial, impediram uma queda ainda maior do PIB em 2020 ao impulsionar as vendas no varejo e a produção industrial. Vale ressaltar que os estímulos fiscais do governo representaram cerca de 8% do PIB.
O banco nota, no entanto, que os programas de auxílio também causaram deterioração nas contas públicas. O déficit primário foi de 0,9% do PIB no fim de 2019 para 8,5% em agosto de 2020, e a estimativa do UBS-BB é que alcance quase 14% do PIB em 2020 e a dívida pública cresça de 75,9% para 94,2%.
Com tudo isso, será desafiador expandir programas de assistência social para 2021. O governo brasileiro ainda está trabalhando em uma proposta para o programa “Renda Cidadã”, uma atualização do Bolsa Família, mas a expectativa do UBS-BB é que seja menor do que o atual programa de auxílio emergencial.
O maior risco para a previsão do banco, nesse sentido, é a proposta orçamentária para 2021 e os ajustes fiscais necessários para preservar as regras do teto de gastos. Tais ajustes poderiam manter as condições do país favoráveis, restringir o aumento da dívida pública/PIB e ajudar o PIB a crescer. Um movimento no sentido contrário causaria aumento no prêmio de risco e deterioração das condições fiscais.