Bruxelas, 5 nov (EFE).- A Comissão Europeia (CE, órgão executivo da UE) elevou nesta quinta-feira a previsão de crescimento da economia da Espanha para este ano e o próximo para 3,1% e 2,7%, três e um décimo, respectivamente, mais que em suas projeções anteriores, embora tenha mantido expectativas menores do que o governo espanhol.
No entanto, em suas previsões macroeconômicas publicadas nesta quinta-feira, a CE piorou suas expectativas sobre a redução do déficit público, que para o órgão deve atingir 4,7% do PIB neste ano e 3,6% no próximo, o que vai representar que a Espanha vai conseguir deixar seu desvio abaixo do limite de 3% traçado pelas normas europeias somente em 2017, um ano depois do exigido.
A Comissão publica também pela primeira vez suas expectativas para 2017, ano no qual acredita que a expansão do PIB espanhol cairá para 2,4%, um "crescimento robusto" apesar da desaceleração que significará.
Estes dados contrastam com os números do governo liderado por Mariano Rajoy, que espera fechar este ano com alta de 3,3% do PIB, o seguinte com 3% e 2017 com 2,9%.
A divergência com Bruxelas na taxa de crescimento é o principal argumento de Madri na hora de explicar as diferenças que também mantêm em relação à evolução da redução do déficit público.
A Espanha se comprometeu a situá-lo neste ano em 4,2% do PIB e no próximo em 2,8%, quando teria que arquivar o processo por déficit excessivo que Bruxelas mantém aberto.
No entanto, nas previsões publicadas hoje, a Comissão inclusive piora os cálculos de apenas três semanas atrás sobre o orçamento espanhol para 2016, quando considerou que a Espanha fecharia este ano com um desvio de 4,5% e o próximo, com 3,5% do PIB.
Com estas perspectivas, o Executivo da UE pediu ao governo do país que tome medidas para corrigir o desvio.
Hoje, quando revelou que espera um déficit de 4,7% do PIB neste ano, de 3,6% em 2016 e de 2,6% em 2017, a CE insistiu nos "riscos" trazidos pelo "nível de contenção das despesas, principalmente em nível regional".
Quanto à taxa de desemprego, Bruxelas espera que este ano feche em 22,3%, apenas um décimo melhor que em suas previsões de maio, e o próximo ano em 20,5%, de modo que baixaria de 20% em 2017, com 19%.
"Houve uma mudança notável na economia espanhola, com a diminuição do desemprego nos últimos anos. Em 2017, espera-se que o desemprego caia abaixo de 20% pela primeira vez desde o início da crise", afirmou à Agência Efe o vice-presidente da CE para o Euro, o conservador Valdis Dombrovskis.
O político letão reconheceu que esta continua sendo uma taxa "muito alta", embora seis pontos percentuais abaixo dos níveis alcançados há dois anos.
Dombrovskis advertiu que a Espanha precisa continuar "com determinação" a aplicação de reformas estruturais e reduzir os elevados níveis de dívida pública e privada para poder conseguir uma recuperação sustentável e melhorar as condições sociais.
Precisamente em relação à dívida pública, a CE considera que este ano marcará 100,8% do PIB e atingirá o teto no próximo com 101,3%, para depois abaixar para 100,4% em 2017.