Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas do setor varejista no Brasil surpreenderam e cresceram em outubro pelo sexto mês seguido, iniciando o quarto trimestre com força e dando seguimento à recuperação do impacto da pandemia.
Em outubro, as vendas no varejo cresceram 0,9% na comparação com setembro, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com outubro de 2019, as vendas tiveram alta de 8,3%, na quinta taxa positiva consecutiva nessa base de comparação.
Os resultados superaram com folga as expectativas em pesquisa da Reuters de recuo de 0,2% no mês e de alta na comparação anual de 6,7%.
Com os dados de outubro, o patamar do varejo bateu recorde pela terceira vez seguida, ficando 0,9% acima do que foi visto em setembro e 8,0% superior a fevereiro, nível pré-pandemia.
O setor vem mostrando crescimento desde maio alavancado pelo auxílio emergencial do governo e pelo relaxamento das medidas de contenção do coronavírus, além dos juros em mínimas recordes.
“Pode parecer uma contradição ter desemprego recorde e com um patamar recorde para comércio, mas o poder de compra ainda é positivo com auxílio e crédito, uma coisa compensa a outra", destacou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
As vendas vinham mostrando perda de força, mas apresentaram um repique em outubro, antes da Black Friday em novembro e do Natal.
“Depois de quedas muito expressivas em março e abril, o varejo vinha em trajetória de crescimento, porém em ritmo de desaceleração. Esse resultado de outubro mostra um repique para cima, que precisamos ter cuidado para avaliar como uma retomada da aceleração. No mínimo, mostra um fôlego da economia num patamar que já estava alto”, disse Santos.
Entre as oito atividades pesquisadas em outubro, sete registraram aumento de vendas, com destaque para Tecidos, vestuário e calçados (6,6%), Livros, jornais, revistas e papelaria (6,6%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,7%).
As vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tiveram no mês aumento de apenas 0,6%, contidas segundo o IBGE pela pressão inflacionária.
“O setor de hiper e supermercados está sendo afetado pela inflação mais alta. A receita aumentou mais de 2% e o crescimento no volume foi de bem menor por conta dos preços mais altos“, completou Santos.
“Se não tivesse esse impacto de inflação sobre super e hipermercados, o crescimento do comércio poderia ser maior."
O único dado negativo foi apresentado por Móveis e eletrodomésticos, com queda de 1,1% nas vendas.
No varejo ampliado, que inclui também veículos e materiais de construção, o volume de vendas cresceu 2,1% em relação a setembro, sexto aumento seguido.
Veículos, motos, partes e peças tiveram alta de 4,8%, enquanto Material de construção subiu 0,2%.