Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas no varejo do Brasil registraram aumento recorde em maio com menor impacto do isolamento social, mas recuperou apenas parte das perdas dos dois meses anteriores devido às restrições para combate ao coronavírus.
Em maio, as vendas varejistas subiram 13,9% na comparação com o mês anterior, melhor taxa desde o início da série histórica em janeiro de 2000, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
O resultado positivo se dá depois de perda recordes de 16,3% em abril, após queda de 2,8% em março.
"Abril até agora foi o fundo do poço, e a melhora tem a ver com uma adaptação do comércio à nova realidade", explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve perda de 7,2%, terceira taxa negativa consecutiva.
"Foi um crescimento grande percentualmente, mas temos que ver que a base de comparação foi muito baixa. Se observamos apenas o indicador mensal, temos um cenário de crescimento, mas ao olhar para os outros indicadores, como a comparação com o mesmo mês do ano anterior, vemos que o cenário é de queda", explicou Santos.
Mas os resultados foram melhores do que as expectativas em pesquisa da Reuters, de alta de 6,0% na comparação mensal e de queda de 12,1% por cento sobre um ano antes.
As decisões de fechar lojas físicas e outros estabelecimentos por todo o país devido ao surto de coronavírus pesaram em cheio sobre o consumo, bem como as incertezas trazidas pela pandemia em torno da economia e do trabalho.
Mas de acordo com o IBGE, de todas as empresas consultadas na pesquisa, 18,1% relataram impacto do isolamento em suas receitas em maio, contra 28,1% em abril.
Em maio, todas as atividades pesquisadas registraram ganhos. O maior crescimento percentual foi visto em Tecidos, vestuário e calçados, de 100,6%.
As vendas de Móveis e eletrodomésticos subiram 47,5%, enquanto de Outros artigos de uso pessoal e doméstico aumentaram 45,2%.
O setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tinha recuado em abril, viu aumento de 7,1% nas vendas em maio.
No varejo ampliado, houve crescimento de 19,6% sobre abril, sendo que a atividade de Veículos, motos, partes e peças registrou alta de 51,7%, enquanto a de Material de construção aumentou 22,2%.