RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas e lançamentos de imóveis no Brasil caíram em 2015, diante da confiança baixa de consumidores e empresas do setor frente ao cenário econômico, informou nesta quinta-feira a Associação Brasileira de Incorporadoras Mobiliárias (Abrainc).
Em 2015, os lançamentos somaram 60.274 mil unidades, queda de 19,3 por cento frente a 2014. As vendas perderam 15,1 por cento, a 108.906 mil unidades. Em 2015, o mercado vendeu cerca de 80 por cento a mais do que lançou.
Ainda assim, o setor encerrou o ano com estoque de 109,4 mil unidades, pouco abaixo das 110,6 mil de um ano antes. Esse descasamento é explicado em parte pelo aumento do número de distratos. No último trimestre, os distratos somaram 12.850 casos, número 20,2 por cento maior que um ano antes.
Segundo a Abrainc, no entanto, houve recuo na proporção distratada das vendas, que cuja proporção em relação às vendas caiu de 2,4 por cento para 0,1 por cento entre os quartos trimestres de 2014 e de 2015.
"Há uma preocupação maior dos incorporadores na análise do potencial comprador. A qualidade da venda melhorou e a compra por impulso ou para fazer ganho rápido hoje está mais madura, as pessoas não estão enxergando potencial de valorização rápida", disse o diretor de comunicação da Abrainc, Luiz Fernando Moura.
No quarto trimestre, os lançamentos caíram 29,6 por cento e as vendas, 19,8 por cento, ante mesmo período de 2014.
No último trimestre de 2015, foi vendido o equivalente a 20,8 por cento da oferta, queda de 1,2 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e de 3,4 pontos sobre o último trimestre de 2014.
"Os lançamentos estão mais restritos por todo o cenário, com diminuição nas vendas, mas num patamar mais alto do que a quantidade lançada. Por isso, há uma resiliência na demanda", disse o vice-presidente executivo da Abrainc, Renato Ventura.
Para a entidade, o cenário só vai se recuperar quando a crise política e econômica no país for resolvida, mas a tendência é que os preços se normalizem, refletindo custos e acompanhando taxas inflacionárias para haver produção.
(Por Juliana Schincariol)