Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas no varejo brasileiro recuaram menos do que o esperado em maio, mas marcaram a primeira contração no ano e resultado mais fraco para o mês em dois anos por conta dos reflexos da greve dos caminhoneiros, abalando ainda mais a atividade econômica.
Em maio as vendas no varejo caíram 0,6 por cento na comparação com mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, resultado mais fraco desde a queda de 0,8 por cento em 2016.
Expectativas em pesquisa da Reuters junto a economistas era de queda mensal de 1,2 por cento e foi a primeira contração neste ano. <BRRSL=ECI>
Em relação ao mesmo mês de 2017, as vendas avançaram 2,7 por cento, ante projeção de alta de 2,15 por cento. <BRRSLY=ECI>
Em maio, seis das oito atividades pesquisadas apresentaram perdas nas vendas, lideradas por Combustíveis e lubrificantes (-6,1%) e Livros, jornais, revistas e papelarias (-6,7%).
A única atividade que cresceu foi a de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,6 por cento), enquanto em Outros artigos de uso pessoal e doméstico as vendas ficaram estáveis.
De acordo com a gerente da pesquisa no IBGE, Isabella Nunes, embora a greve de caminhoneiros no final de maio tenha provocado desabastecimento de alimentos no país, isso ficou restrito aos produtos hortifrutigranjeiros, e por isso as vendas em supermercados ainda conseguiram avançar no mês,
"O setor de hipermercados e mercados se mostrou no período da greve bem abastecido e teve perda com perecíveis. Os demais setores foram afetados porque as lojas não conseguiram funcionar por conta da dificuldade de deslocamento dos funcionários e porque os consumidores também se retraíram", explicou ela.
As vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, tiveram por sua vez o pior resultado na série iniciada em 2004 ao recuarem 4,9 por cento em maio sobre abril. As vendas de Veículos e motos, partes e peças despencaram 14,6 por cento, enquanto as de Material de construção caíram 4,3 por cento.
"O varejo ampliado é quem reflete mais o efeito da greve por que está mais próximo da indústria", explicou Isabella.
Maio foi marcado por desabastecimento em todo o país devido à greve dos caminhoneiros no final do mês, que abalou ainda mais a confiança tanto do empresariado quanto dos consumidores já estremecida pelas incertezas sobre a eleição presidencial.
O movimento levou a produção industrial a despencar 10,9 por cento em maio sobre o mês anterior e provocou reduções nas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, que já chegam a 1,53 por cento ante 3 por cento anteriormente.[nL1N1U00CR][nL1N1U509N]
Em junho, a confiança do consumidor apurada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) atingiu o menor nível em 10 meses, enquanto a do comércio recuou pela terceira vez seguida.[nEMNI6K0SQ][nL1N1TT09M]
Veja detalhes dos resultados do varejo (%):
Atividade Abril Maio
Comércio Varejista +0,7 -0,6
1.Combustíveis e lubrificantes +3,7 -6,1
2.Hipermercados, supermercados, +1,0 +0,6
produtos alimentícios, bebidas e fumo
3.Tecidos, vestuário e calçados -0,7 -3,2
4.Móveis e eletrodomésticos +0,4 -2,7
5.Artigos farmacêuticos e perfumaria +1,9 -2,4
6.Livros, jornais e papelaria +1,2 -6,7
7.Equipamentos, material para +4,0 -4,2
escritório e comunicação
8.Outros artigos de uso doméstico 0,0 0,0
Comércio Varejista Ampliado +1,5 -4,9
9.Veículos, motos, peças e partes +1,2 -14,6
10.Material de construção +0,8 -4,3