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Varejo do Brasil despenca em dezembro e termina 2020 com ganho mais fraco em 4 anos

Publicado 10.02.2021, 09:07
Atualizado 10.02.2021, 10:25
© Reuters. Consumidores fazem compras em rua comercial do Rio de Janeiro

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas no varejo brasileiro terminaram 2020 com alta pelo quarto ano consecutivo, mas no ritmo mais fraco nesse período em meio às medidas de contenção ao coronavírus, depois de despencarem em dezembro e retornarem ao nível pré-pandemia.

No acumulado do ano passado as vendas tiveram aumento de 1,2%, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse é o resultado mais fraco nos quatro anos seguidos de ganhos, e o setor iniciou 2021 com incertezas envolvendo principalmente o alto nível de desemprego e a possível renovação do pagamento do auxílio emergencial.

Em dezembro, as vendas despencaram 6,1% na comparação com novembro, contra expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de apenas 0,5%.

Foi o dado mais fraco para o mês na série histórica iniciada em janeiro de 2001, e no geral fica atrás apenas da queda de 17,2% vista em abril, auge da pandemia de coronavírus.

Na comparação com dezembro de 2019, houve alta de 1,2%, bem abaixo da expectativa de avanço de 6%. O quarto trimestre terminou com recuo de 0,2% das vendas na comparação com os três meses anteriores, depois de salto de 15,5% no terceiro trimestre.

Com esses resultados, o varejo terminou o ano passado no mesmo patamar de fevereiro de 2020, período pré-pandemia. Depois de fortes quedas em março e abril, o setor varejista registrou crescimento de maio até outubro, ultrapassando o patamar pré-pandemia, mas voltou a contrair nos últimos dois meses do ano.

"Zeramos a conta. Estávamos 6,5% acima do patamar pré-crise, e agora zeramos", explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

AUXÍLIO

O IBGE mostrou que em 2020 cinco das dez atividades do comércio varejista, contando com varejo ampliado, tiveram alta. Os destaques foram material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,3%).

Já em dezembro, todas as dez atividades fecharam com queda frente a novembro. As vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 13,8%, enquanto as de tecidos, vestuário e calçados recuaram 13,3%.

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que respondem por quase metade do resultado total da pesquisa do varejo, apresentaram queda de 0,3% nas vendas do mês, em resultado influenciado pela inflação de alimentos.

"Ao longo do ano de 2020 o auxílio emergencial teve impacto significativo. O consumo extra das famílias de baixa renda tem a ver com o auxílio, isso fez com que a atividade tivesse um bom desempenho", disse Santos.

© Reuters. Consumidores fazem compras em rua comercial do Rio de Janeiro

“Em dezembro a queda tem ligação com o menor volume de recursos por conta da redução do auxílio emergencial", completou.

As vendas varejistas foram alavancadas pelo pagamento do auxílio emergencial do governo e pelo relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus, após atingirem o fundo do poço em abril diante das medidas restritivas adotadas para reduzir a disseminação do vírus.

No final do ano, o varejo sofreu com o aumento da inflação, e a recuperação agora passa ainda por uma retomada do trabalho, que vem enfretando mais dificuldades.

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